Tesis
Germinação, micropropagação e aclimatização de Lobelia brasiliensis A. O. S. Vieira & Shepherd (Campanulaceae), espécie ameaçada e endêmica do Distrito Federal com potencial ornamental
Fecha
2018-01-05Registro en:
NIEMEYER, Rafael Pereira. Germinação, micropropagação e aclimatização de Lobelia brasiliensis A. O. S. Vieira & Shepherd (Campanulaceae), espécie ameaçada e endêmica do Distrito Federal com potencial ornamental. 2017. ii, 77 f., il. Dissertação (Mestrado em Botânica)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Niemeyer, Rafael Pereira
Institución
Resumen
Lobelia brasiliensis A. O. S. Vieira & G. J. Shepherd é uma espécie de Campanulaceae rara, ameaçada, endêmica do Distrito Federal e com potencial ornamental.Objetivou-se neste trabalho descrever as características morfológicas de frutos, sementes, plântulas e da germinação de Lobelia brasiliensis. Conhecer o processo da germinação e o desenvolvimento de plântulas assim como estabelecer protocolos eficientes de desinfestação, micropropagação e aclimatização para a espécie L. brasiliensis é fundamental como estratégia de cultivo e para futura reintrodução da mesma em seu meio natural e propagação da espécie. Para a descrição defrutose sementesforam analisados o formato, cor, textura, brilho, peso, dimensões (comprimento e largura) e número de sementes. Para descrever as fases da germinação e plântulas foram selecionadas, aleatoriamente, 40 indivíduos germinados em substrato vermiculita, em casa de vegetação,irrigadas por aspersão e 40 indivíduos germinados in vitro em meio ágar-água e mantidos em sala de crescimento a 25 ºC (±2 °C), fotoperíodo de 16h e intensidade luminosa de 41 µmol.m-2.s-1. Foram analisados o tipo, forma e coloração da raiz, pilosidade, forma e coloração do hipocótilo, textura, forma, tipo de margem, ápice e base dos cotilédones e eofilos. As sementes iniciaram a germinação, aproximadamente, 5 dias após a semeadura com a protrusão radicular. As plântulas deL. brasiliensis, após 60 dias, apresentaram hipocótilo curto, cilíndrico, ereto, de coloração verde claro e glabro. A germinação foi epígea e fanerocotiledonar, formando plântulas com sistema radicial ramificado e raízes adventícias, eofilos distintos, morfologicamente, dos metafilos. A descrição do processo germinativo, juntamente com a morfologia de plântulas, constitui importante elemento de reconhecimento da espécie. Para a germinação e estabelecimento de plântulas de L. brasiliensis foram testados 5 diferentes substratos (areia lavada, Bioplant® , terra do Cerrado, vermiculita e ágar-água). Os experimentos foram avaliados aos 30, 45 e 60 dias de cultivo e foram avaliadas as porcentagens de germinação, sobrevivência e contaminação (cultivo in vitro), tamanho do hipocótilo e distância entre o ápice dos cotilédones (DAC). Com 60 dias, foram retirados indivíduos dos substratos e mensurados o tamanho e a quantidade total de raízes. As plântulas germinadas in vitro obtiveram as maiores médias e as germinadas na areia apresentaram as menores médias de germinação. Todos os tratamentos de desinfestação foram eficientes. Algumas pequenas diferenças morfológicas entre as plântulas foram observadas entre os tratamentos de germinação. Sementes de L. brasiliensis apresentaram altas taxas de germinação em todos os substrato avaliados, porém a sobrevivência e o estabelecimento da plântula foram diretamente relacionados a capacidade do substrato de reter água. Para estabelecer um protocolo de desinfestação, micropropagação e aclimatização, sementes de L. brasiliensis foram desinfestadas e 2 inoculadas em meio ágar-água para o estabelecimento das culturas, dessas foi obtido 85,19% de germinação e 100% de descontaminação. Em seguida, plântulas in vitro, foram excisadas e inoculadas em 4 diferentes concentrações de BAP: 0,0; 0,01; 0,1; 1,0 mg.L-1 combinadas com 2 concentrações de AIB: 0,0 e 0,01 mg.L-1, totalizando 8 tratamentos. Verificou-se que nos tratamentos com as maiores concentrações de reguladores de crescimento, foi obtido o maior número de brotos, entretanto esses brotos não se alongaram e não desenvolveram raízes. Já o tratamento controle e os tratamentos com as menores concentrações de BAP apresentaram maior número de raízes. O regulador de crescimento AIB não influenciou no desenvolvimento radicular das plântulas. As plantas foram aclimatizadas em substrato de vermiculita e Bioplant® (1:2) mantidas a temperatura ambiente e, após 15 dias foram transferidas para uma casa de vegetação. Após 30 dias, a taxa de sobrevivência foi de 0% para o menor percentual de sobrevivência e de 50% para a maior porcentagem. Novos experimentos com diferentes substratos são necessários para aperfeiçoar esta fase. Este estudo é o primeiro a explorar a morfologia da sementes, frutos e plântulas de L. brasiliensis, assim como o primeiro a descrever o processo de germinação da espécie e testar a influência de alguns substratos nesse processo. Da mesma maneira, este é o primeiro estudo na cultura de tecido para a espécie, onde foram estabelecidos eficientes protocolos de micropropagação para a L. brasiliensis. A totalidade deste estudo pode contribuir para estratégias de conservação da espécie, ampliar as possibilidades no cultivo de plantas ornamentais e servir como etapa inicial para estudos fitoquímicos da espécie.