dc.description.abstract | A extração seletiva de madeiras tropicais é responsável por vários impactos nas florestas, aumentando a degradação e fragmentação florestal, a susceptibilidade da floresta ao fogo e reduzindo a biodiversidade. Esses impactos podem ser ainda maiores quando a extração de madeiras é feita de forma ilegal e sem planejamento técnico adequado. O objetivo do presente estudo foi entender a dinâmica espaço-temporal da degradação causada pela extração seletiva e a produção de madeiras (legal e ilegal) no estado do Mato Grosso entre 1992 e 2016, utilizando dados de satélite e georreferenciados. Para isso, foi conduzida a interpretação visual de imagens de satélite, combinada com a classificação semiautomática utilizando o algoritmo textura, para detectar florestas impactadas por atividades de extração seletiva de madeiras no estado de Mato Grosso. A partir da área de florestas exploradas seletivamente detectadas por satélite, foi estimada a produção de madeira (legal e ilegal) para o estado do Mato Grosso entre 2006 e 2016, assumindo média de intensidade de exploração de 27,14 m3.ha-1 para produção das florestas nativas. Nesse caso, a produção ilegal foi estimada pela diferença entre a produção total e da produção legal. Também foram sobrepostas as áreas de extração seletiva mapeadas nas imagens de satélite com os polígonos das áreas autorizadas para exploração florestal pelo órgão ambiental estadual (SEMA) e verificados os dados oficiais (IBGE e SEMA) de produção de madeiras nativas no Estado. Foi analisada também a tendência de crescimento da produção de madeira nativa utilizando modelos semilogaritmos e taxa de crescimento anual. As áreas de extração seletiva que não apresentaram autorização de exploração válida e estavam localizadas dentro de unidades de conservação e terras indígenas foram consideradas como ilegais. Com base nos resultados deste estudo, estimou-se que foram explorados seletivamente 41.926 km2 de florestas nativas entre 1992 e 2016 no estado do Mato Grosso, uma média de 1.747 km2.ano-1. As florestas exploradas seletivamente estavam localizadas predominantemente na microrregião de Sinop durante a década de 1990. Nos anos 2000, a exploração florestal se expandiu para toda a mesorregião Norte (Sinop, Aripuanã, Alta Floresta, Marcelândia e Juína) e, a partir de 2010, vem se expandindo para a microrregião de Aripuanã e Colíder, no Noroeste do estado de Mato Grosso. As áreas de florestas exploradas seletivamente dentro de Unidades de Conservação aumentaram de 6,4 km2 em 1992 para 234,4 km2 em 2016. De acordo com a série de dados analisado entre 2006 e 2016, a taxa de produção de madeira em tora apresentou tendência significativa (com α= 0.95) de crescimento (total e ilegal) (8,53% a.a e 14,77% a.a). A ilegalidade da produção de madeira em tora estimada foi de 49% da produção total de madeiras no Estado assumindo a produtividade média das florestas de 27,14 m3.ha-1 de madeira em tora, respectivamente. A partir da sobreposição das áreas de extração seletiva autorizadas pelo órgão ambiental estadual (17.329 km2) com as áreas de extração seletiva detectadas por satélite (33.272 km2), estima-se que 15.904 km2 (48%) foram explorados sem autorização e 1.734 km2 foram autorizados e não explorados (área de extração seletiva não detectada por satélite) entre 2006 e 2016 no estado do Mato Grosso. A ilegalidade da exploração e comercialização de madeiras nativas é prejudicial ao meio ambiente e à sociedade, reduzindo investimentos no setor por falta de garantias de sustentabilidade e, com isso, pode levar ao colapso num futuro breve este setor de produção econômica no estado de Mato Grosso. | |
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