Tesis
Comunicação vibracional em Pentatomidae : interações bióticas, abióticas e aplicação no manejo de pragas
Fecha
2021-06-28Registro en:
MARTINEZ, Aline Moreira Dias. Comunicação vibracional em Pentatomidae: interações bióticas, abióticas e aplicação no manejo de pragas. 2021. 223 f., il. Tese (Doutorado em Zoologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Martinez, Aline Moreira Dias
Institución
Resumen
Esta tese apresenta o estudo da comunicação vibracional em percevejos em aspectos
básicos e aplicados ao manejo de pragas. Tomando como modelo de estudo os percevejos
Euschistus heros, Chinavia ubica e Chinavia impicticornis (Hemiptera: Pentatomidae), foram
desenvolvidas atividades de pesquisa para estabelecer a influência de fatores bióticos e abióticos
na comunicação vibracional dos insetos. Também foram estudadas as interações entre sinais de
diferentes modalidades (químicos e vibratórios) no comportamento reprodutivo destes insetos.
Em experimentos utilizando grupos de fêmeas junto a um macho foram estudadas as interações
competitivas entre as fêmeas. Foi demonstrado pela primeira vez para Pentatomiadae que
quando as fêmeas disputam o acesso aos machos desenvolvem interações de rivalidade com
emissão de sinais vibratórios específicos no caso de E. heros e C. ubica ou com troca de sinais
de chamamento num padrão característico no caso de C. impicticornis. A reprodução destes
sinais para casais de coespecíficos tem um claro efeito inibidor da comunicação vibracional e do
comportamento de cópula, as chances de copular aumentam 29.41 vezes em E heros, 4,6 vezes
em C. ubica e 1,71 vezes em C. impicticornis quando os insetos foram colocados em plantas
sem os sinais de rivalidade. O mesmo foi comprovado em experimentos onde se reproduziram
os sinais de rivalidade de machos de E. heros para seus coespecíficos. Também foram
estudadas as interações heteroespecíficas em experimentos onde se reproduziram sinais de
diferentes espécies para machos e fêmeas de E. heros e C. impicticornis. A presença de sinais
de heteroespecíficos não mostrou efeitos significativos no comportamento reprodutivo de E.
heros. Para C. impicticornis os sinais vibratórios reproduzidos (sinais de C. ubica e de E. heros)
alteraram fortemente tanto o comportamento reprodutivo, como a comunicação vibracional,
incidindo negativamente na formação de casais e cópula e na emissão de sinais vibratórios.
Adicionalmente foi demonstrado que o percevejo predador Podisus nigrispinus respondeu
positivamente aos sinais vibratórios de E. heros mostrando que o predador pode utilizar esses
sinais para identificar locais onde existem presas potenciais. A avaliação de sinais multimodais
(rastros químicos e feromônio sexual) no comportamento vibracional de E. heros, demonstrou
que os rastros causam efeito atrativo em machos e aumentam a emissão de sinais vibratórios
de insetos de ambos sexos. A presença de sinais vibratórios de fêmeas provoca o aumento da
emissão de feromônio sexuais de machos, e, por último a presença de feromônio sexuais causa
efeito antagônico em machos e fêmeas, inibindo o comportamento vibracional nos machos e
estimulando-o nas fêmeas. Foi testada a interferência de ruídos abióticos (vibrações originadas
por vento ou chuva) no comportamento sexual dos percevejos E. heros. A presença da vibração
do vento não causou disrupção no comportamento de cópula dos percevejos, já a massa de ar
projetada nas plantas, por meio de um túnel de vento, com a mesma intensidade do sinal, assim
como a presença do ruído de chuva, provocou uma diminuição do comportamento sexual e
proporção de cópulas dos casais. Foi avaliada a eficiência de incorporação de sinais vibratórios
em armadilhas, resultando numa maior captura de percevejos em armadilhas com sinal de
chamamento das fêmeas coespecíficas. Os resultados deste trabalho apresentam várias
informações inéditas que, junto à avaliação da aplicação de alguns dos aspectos da comunicação vibracional para o manejo de percevejos praga, abre novas perspectivas para o desenvolvimento
de métodos sustentáveis de manejo de pragas.