Tesis
Estudo da expressão de PPARs em células de microglia (BV-2) infectadas pelas linhagens asiática e africana do vírus Zika
Registro en:
FREIRE, Vanessa Paola Alves Sampaio de Sá. Estudo da expressão de PPARs em células de microglia (BV-2) infectadas pelas linhagens asiática e africana do vírus Zika. 2019. 99 f., il. Dissertação (Mestrado em Patologia Molecular)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Freire, Vanessa Paola Alves Sampaio de Sá
Institución
Resumen
Nos últimos anos, o surgimento, ou ressurgimento, de diferentes arboviroses gerou um alerta
global. Diferente da infecção causada por outros flavivírus, a infecção pelo ZIKV pode
ocasionar alterações neurológicas, tais como malformações cerebrais em crianças de mães
infectadas durante a gravidez, conhecidas como síndrome congênita do Zika (SCZ).
Também foram relatadas outras alterações neurológicas, como a síndrome de Guillain-
Barré. A microcefalia é uma desordem de células progenitoras neurais (CPN) desencadeada
pelo isolado brasileiro (ZIKVPE243), a qual pode atravessar a placenta e induzir
neuroinflamação e ativação microglial. O isolado africano (ZIKVMR766) também mostrou ser
capaz de infectar células-tronco humanas pluripotentes in vitro e induzir a morte celular por
apoptose, entretanto, não foram relatados casos de CSZ associados a esta linhagem. Estes
dados, junto com as poucas informações disponíveis a respeito dos mecanismos
neuroinflamatórios desencadeados por infecções virais, nos levaram a avaliar a possível
relevância fisiológica dos receptores ativados por proliferadores peroxissomais (PPARs) na
resposta inflamatória após infecção de células da microglia-BV2 com as linhagens africana
e asiática do vírus Zika. Em um primeiro momento foi possível observar que os isolados
ZIKVMR766 e ZIKVPE243 são capazes de infectar células da micróglia da linhagem BV2 e
produzir partículas virais infecciosas, embora em níveis menores que os descritos para
outros tipos celulares e não induzir efeitos citopatogênicos. Por outro lado, ambas os
isolados induziram a expressão dos marcadores de ativação Iba1, CD68, enquanto a
expressão do MHC-II foi induzida apenas pelo ZIKVMR766. A infecção pelo ZIKV mostrou
induzir a expressão de PPARγ nas células BV2, sendo claramente superiores em células
infectas pelo isolado brasileiro, no entanto as células não apresentaram expressão de
PPARα. De modo geral, as células infectadas pelo isolado africano apresentaram maiores
níveis de expressão das citocinas pró-inflamatórias IL-6 e TNF-α. O tratamento com
Rosiglitazona evidenciou a participação do PPARγ na modulação destas citocinas. Os
níveis de expressão dos miRNAs 146a e 124 se correlacionam de foram geral com os níveis
de expressão de PPARγ, e com os das citocinas inflamatórias e anti-inflamatórias, além de
se correlacionar com seu alvo, a proteína TRAF6, um importante mediador inflamatório.
Esperamos que as diferenças observadas entre as duas linhagens do ZIKV nos auxiliem,
numa etapa posterior, a esclarecer os mecanismos moleculares envolvidas na doença ou
proteção, virulência, tropismo tecidual, patologia, e evasão imune.