Tesis
Dinâmica dos metais em ambiente costeiro contaminado por atividade metalúrgica (Baía de Sepetiba - RJ)
Fecha
2021-05-03Registro en:
TONHÁ, Myller de Sousa. Dinâmica dos metais em ambiente costeiro contaminado por atividade metalúrgica (Baía de Sepetiba - RJ). 2021. 249 f., il. Tese (Doutorado em Geologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Tonhá, Myller de Sousa
Institución
Resumen
As atividades metalúrgicas são as maiores fontes potenciais de contaminação metálica e são
capazes de alterar consideravelmente o fluxo dos elementos nos ecossistemas. Uma vez
disponíveis no ambiente aquático, os metais são distribuídos em diferentes compartimentos, e a
depender dos processos e comportamentos biogeoquímicos nas interfaces (sedimento-água biota), eles podem resultar em efeitos tóxicos aos organismos e ao homem. Devido à dificuldade
analítica e conceitual inerentes ao estudo desses processos, torna-se pertinente desenvolver
traçadores geoquímicos e, um notável exemplo de inovação analítica, é a medição com alta
precisão das composições isotópicas de metais de transição, como Zn. Uma interessante área
de estudo para aplicar esse modelo de ferramentas integradas é a Baía de Sepetiba, Rio de
Janeiro. Essa região foi severamente contaminada por Zn e outros metais traço entre as décadas
de 1960 e 1990 por toneladas de rejeitos metalúrgicos lixiviados ou erodidos para os manguezais
circunvizinhos. Recentemente, a pilha de rejeitos metalúrgicos foi encapsulada em 2012. Nesse
contexto, o objetivo principal da presente tese foi investigar sobre a dinâmica do Zn (entre outros
metais co-contaminantes) na Baía de Sepetiba. Para esse fim, foram combinadas diversas
ferramentas geoquímicas, desde abordagens clássicas como estatística multivariada, extrações
químicas (simples, sequencial e cinética) e caracterização mineralógica, até ferramentas de
vanguarda, incluindo análise isotópica de Zn, espectroscopia de absorção de Raios-X e
Gadolínio antropogênico. Nesse sentido, foram coletadas amostras de rejeito hidrometalúrgico,
uma malha de sedimentos ao longo da baía e uma caracterização dos aportes fluviais. Os
resultados das assinaturas isotópicas, expressos como δ66/64Zn, mostraram que a assinatura
isotópica do rejeito total (bulk) não corresponde ao endmember antropogênico, mas deve-se
observar acerca da assinatura do Zn facilmente extraível. As informações isotópicas e de partição
geoquímica combinadas mostraram que grande parte do Zn antropogênico é alocado nas fases
facilmente extraíveis dos sedimentos e, portanto, altamente propenso para a troca com a coluna
d’agua ou absorção biológica. Dessa forma, reações pós-deposicionais podem ter provocado um
forte fracionamento isotópico que levaram a uma assinatura distinta do rejeito e capaz de ser
identificada ao longo do transporte e acumulação nos sedimentos pela baía. Além disso, a
assinatura do pool lábil foi concordante com as assinaturas isotópicas encontradas em ostras de
estudos anteriores, o que ressalta a aplicabilidade da ferramenta isotópica em organismos
biomonitores. Em conclusão, esses resultados mostraram que Sepetiba encontra-se ainda com
uma contaminação resiliente e biodisponível para a biota. Fontes urbanas devem contribuir para
o balanço de massas dos aportes de Zn antropogênico. Esse estudo aponta novas direções nas
aplicações isotópicas para elucidar rotas de bioacumulação e entradas de Zn antropogênico na
cadeia trófica, bem como melhor compreender os mecanismos biogeoquímicos controladores do
seu comportamento no continuum sedimento-solução-organismo.