Tesis
O habitus em Erwin Panofsky : uma iconografia da Última Ceia
Fecha
2022-04-12Registro en:
COSTA, Nina Ricardo Dias da. O habitus em Erwin Panofsky: uma iconografia da Última Ceia. 2021. 144 f., il. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Costa, Nina Ricardo Dias da
Institución
Resumen
A presente pesquisa tem por objetivo cotejar o conceito panofskyano de habitus, apresentado
no livro Arquitetura Gótica e Escolástica, de 1951, com as representações iconográficas da
passagem bíblica da Última Ceia. Consideramos, primeiramente, que abarca conformações
plásticas do referido tema a partir de transposições de tipos iconográficos anteriores, referentes
a temas grecorromanos envolvendo a comensalidade, na produção visual paleocristã,
dedicando especial atenção a seu contexto e antecedentes históricos. Paralelamente à análise
de pinturas e relevos significativos em processos de estabilização e transformações estilísticas
até o Renascimento, buscou-se apresentar e discutir pontos fundamentais do desenvolvimento
diacrônico do conceito de habitus segundo a proposta metodológica de Erwin Panofsky, que
remonta a antecedentes aristotélico-tomistas. Este movimento metodológico permitiu
apreender certos elementos que relacionam a iconografia e o conceito em questão, procurando
compreender qual seria a qualidade de tal relação. Tal cotejamento, realizado no extenso
recorte temporal mencionado, objetivou, em seguida, verificar a interação do conteúdo
imagético e das proposições conceituais à luz do conceito panofskyano, propondo que as
transfigurações iconográficas já apresentariam um arcabouço substancial passível de ser
submetida à correlação que Erwin Panofsky denominou uma análise de “causa-e-efeito”, em
contraposição a uma perspectiva de “evolução das formas”. Na última etapa da pesquisa,
realizou-se um salto temporal de modo a verificar, sob uma perspectiva histórica, diferentes
retornos à iconografia da Última Ceia, a partir da constituição da acepção panofskyana do
conceito de habitus, considerando seu debate à época da publicação do referido livro, entre
seus detratores e sua adoção por Pierre Bourdieu. Finalmente, discutiu-se a viabilidade de uma
reconsideração metodológica do habitus em história da arte, a partir da proposição de Adi Efal Lautenschläger, paralelamente à identificação de reverberações a nós contemporâneas do
tema da Última Ceia em suas cristalizações pela cultura visual da virada do século XX para o
XXI. Desse modo, buscou-se, ainda que com ressalvas, recolocar à baila a discussão do
conceito de habitus no atual debate sobre as bases teórico-metodológicas do campo disciplinar
da história da arte, a partir de um tema tão pregnante da cultura greco-judaico-cristã, como a
Última Ceia, e suas mais diversas apropriações e deslocamentos.