Tesis
Diagnóstico florístico estrutural de caatinga em gradientes altitudinais no estado da Paraíba
Fecha
2017-03-23Registro en:
SOUZA, Pierre Farias de. Diagnóstico florístico estrutural de caatinga em gradientes altitudinais no estado da Paraíba. 2016. xvii, 108 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
Autor
Souza, Pierre Farias de
Institución
Resumen
Considerando grandes lacunas de conhecimento sobre a composição florística e a estrutura fitossociológica da vegetação de Caatinga, este estudo teve como objetivo contribuir para o conhecimento da flora arbustivo-arbórea, mediante análise da estrutura interna e autocorrelações da vegetação arbustivo-arbórea, com variáveis espaciais e ambientais em três fragmentos localizados nos municípios de São José do Bonfim, Itaporanga e Lagoa, no estado da Paraíba, Brasil. Para este estudo, foi realizado inventário florestal dos estratos adulto e regenerante, sendo estabelecidas 25 parcelas de 400 m², em cada área, sistematicamente distribuídas em malha de 150 x150 m. Nas parcelas, foram amostrados todos os indivíduos arbóreos e arbustivos, a partir de 6 cm de CAP para o estrato adulto, e em subparcelas de 25 m², para o estrato regenerante foi coletado a partir de 0,5 m de CAB até CAP igual a 6 cm. Foram tomadas para o estrato adulto a altura total, a altura de bifurcação, a vitalidade e a qualidade em cada fuste; e identificadas categorias de usos potenciais das espécies. Para a quantificação de biomassa, foram cubados 56 fustes, sendo 44 para o ajuste dos modelos e 12 para validação das equações selecionadas. Em cada parcela, foram obtidas coordenadas geográficas e coletadas amostras de solo na profundidade 0-60 cm. Os dados ambientais e espaciais foram submetidos à análise de redundância (RDA), que relacionou variáveis de vegetação com variáveis ambientais e espaciais, utilizando o software “R” versão 3.2.5. Foram medidos e identificados 3.118, 2.847 e 3.057 indivíduos, com riqueza de 20, 70 e 68 espécies, respectivamente, em São José do Bonfim, Itaporanga e Lagoa. Para as três áreas, no estrato adulto, as famílias Euphorbiaceae e Fabaceae são as mais ricas em número de espécies e as dominantes em número de indivíduos. Este estudo apresenta o primeiro registro de ocorrência na flora arbustivo-arbórea do estrato adulto de Caatinga para o estado da Paraíba, das espécies: Mimosa acutistipula (São José do Bonfim), Annona leptopetala, Aspidosperma cuspa, Psidium appendiculatum, Eugenia flavescens, Eugenia stictopetala, Cordiera rigida, Sigmatanthus trifoliatus, Allophylus quercifolius, Stachytarpheta coccinea e Callisthene minor (Itaporanga), Erythroxylum nummularia, Byrsonima vacciniifolia, Eugenia caatingicola, Eugenia flavescens, Myrciaria floribunda, Eugenia stictopetala, Cordiera rigida, Pouteria reticulata e Callisthene minor (Lagoa). Para as três áreas de estudo as espécies estruturantes do estrato adulto são Poincianella pyramidalis e Croton blanchetianus. As áreas de Itaporanga e de Lagoa abrigam espécies ameaçadas de extinção - Astronium fraxinifolium e Schinopsis brasiliensis (Itaporanga); Amburana cearenses e Myracrodruon urundeuva (Itaporanga e Lagoa). Foram consideradas como espécies mais importantes no processo de sucessão: Croton blanchetianus, Poincianella pyramidalis, Combretum leprosum e Aspidosperma pyrifolium (São José do Bonfim); Croton blanchetianus e Amburana cearenses (Itaporanga); Croton blanchetianus, Croton nepetifolius, Aspidosperma riedelii, Myrciaria floribunda e Gymnanthes boticario (Lagoa). O padrão agregado de distribuição de espécies predomina nas três áreas de estudo. Na vegetação de Caatinga, de São José do Bonfim e de Lagoa, predomina a bifurcação de fuste, e para Itaporanga predomina fuste único. Das 14 espécies comuns nas três áreas, dez apresentam o mesmo comportamento em relação à bifurcação, sendo de fuste único Handroanthus impetiginosus, Commiphora leptophloeos, Jatropha molissima, Manihot carthaginensis subsp. Glaziovii e Mimosa ophthalmocentra. Por sua vez, as espécies Combretum leprosum, Erythroxylum caatinga, Libidibia ferrea, Poincianella pyramidalis e Mimosa tenuiflora apresentaram bifurcação. A vitalidade/sanidade de fustes é baixa em São José do Bonfim e Itaporanga, e superior em Lagoa. As três áreas de estudo apresentam distribuição de fustes sem descontinuidade e em J Invertido. As espécies de maior densidade de indivíduos e, ou, de fustes e de maior gama de categorias de usos são: São José do Bonfim: Poincianella pyramidalis, Croton blanchetianus, Mimosa tenuiflora, Bauhinia cheilantha, Aspidosperma pyrifolium, Combretum leprosum e Mimosa ophthalmocentra; Itaporanga: Croton blanchetianus, Myracrodruon urundeuva, Amburana cearenses, Poincianella pyramidalis, Combretum leprosum, Mimosa ophthalmocentra, Annona leptopetala, Callisthene minor e Sigmatanthus trifoliatus; Lagoa: Croton blanchetianus, Peltogyne pauciflora, Aspidosperma riedelii, Gymnanthes boticario, Myrciaria floribunda, Luehea ochrophylla, Senegalia polyphylla, Eugenia stictopetala, Croton nepetifolius, Erythroxylum nummularia, Maytenus erythroxyla, Eugenia flavescens, Helicteres heptandra, Senna macranthera e Croton heliotropiifolius. A vegetação de Lagoa é a de maior produção de biomassa, e melhor relação de biomassa e vitalidade/qualidade de fustes. Das frações interpretadas na relação vegetação, ambiente e distribuição espacial, 4% foram explicadas por meio das variáveis ambientais, 11% por meio das variáveis espaciais e 27% por meio da interação espaço e ambiente, tendo 58 % de resíduo. Os preditores espaço e ambiente relacionados entre si, foram mais importantes para explicar a distribuição florística estrutural da vegetação de caatinga arbustivo-arbórea, nas áreas estudas, e explicam pouco quando ocorre apenas o ambiente ou apenas o espaço.