dc.description.abstract | Introdução: A neuropatia diabética é uma complicação silenciosa, progressiva e incapacitante que pode causar a dor neuropática, esta, por sua vez, pode existir no cotidiano dos indivíduos, gerando, assim, a necessidade de mudança nos hábitos de vida. O trabalho aborda o impacto da dor relacionada à neuropatia sobre sinais e sintomas de ansiedade, depressão e qualidade de vida de adultos com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) atendidos na atenção primária. Método: Trata-se de um estudo descritivo observacional do tipo quantitativo, realizado em Ceilândia, Distrito Federal, Brasil, com uma amostra de 280 pacientes com DM2, dividido em 5 etapas. Resultados: A população é composta, em sua maioria, por pessoas do sexo feminino, casados, com baixa escolaridade, média de idade de 51±6 anos e baixa renda. Cerca de 89% dos pacientes referiram dor nos pés e/ou panturrilhas com características de neuropatia e 11% apresentaram perda da sensibilidade, indicando alterações neuropáticas instaladas cronicamente. A dor foi caracterizada como intensa por esses indivíduos e classificada de contínua à intermitente, a maioria dos pacientes apresentou este sintoma há mais de 3 meses, indicando sua cronicidade; os descritores mais frequentes da dor foram, respectivamente: fadiga, cãimbras, queimação, formigamento, dormência, alfinetada e/ou agulhada. Cerca de 39% da amostra apresentaram sinais e sintomas de ansiedade e 35% de depressão. Foi possível identificar a existência de associação dos sinais e sintomas de ansiedade com os descritores de dor neuropática. A frequência e a intensidade da dor se correlacionam com sinais e sintomas de ansiedade e depressão. Foram encontrados os seguintes preditores para a presença de sinais e sintomas de ansiedade: não estar inserido no mercado de trabalho (OR=0,877); intensidade da dor (OR= 1,214) e perda da sensibilidade protetora plantar(OR=0,249); para depressão os preditores encontrados foram: presença e intensidade da dor em pés e/ou panturrilhas (OR=0,393; OR=1,243, respectivamente), dor com característica de fadiga (OR=1,989) e alfinetada e/ou agulhada (OR= 0,457), além de presença de comorbidades (como a hipertensão arterial sistêmica que esteve presente em 71% da amostra). A média do escore geral de escolha de preferência de qualidade de vida para o grupo com dor foi de 0,79 ±0,2 (dpm), o grupo sem dor apresentou média de 0,8 ±0,09 (dpm). Houve associação entre os descritores de dor neuropática com 5 dos 6 domínios de qualidade de vida (QV) . Os sinais e sintomas de ansiedade e depressão se correlacionam negativamente com os seis domínios de escolhas de preferência de qualidade de vida, ou seja, quanto maior o escore da escala de ansiedade e depressão, menor a percepção qualidade de vida. Da mesma forma, a intensidade da dor se correlacionou negativamente com os domínios: limitação global, aspectos sociais e dor, ou seja, quanto maior a intensidade da dor, menores escores nos domínios e, portanto maior prejuízo sobre tais aspectos. Dentre as variáveis avaliadas são preditoras para piores escores de qualidade de vida o tempo em que o indivíduo sente dor (OR=4,849) e a presença de sinais e sintomas de depressão (OR=1,320). Conclusão: Observou-se que 89% da amostra estudada apresenta dor com características de neuropatia diabética e foi verificada a correlação entre níveis mais altos de ansiedade e depressão e redução nos escores de qualidade de vida, nota-se a relevância da avaliação de sinais e sintomas de ansiedade e depressão nos diabéticos com dor neuropática, pois tais alterações emocionais podem comprometer o tratamento proposto,especialmente o autocuidado, e impactar negativamente na sua qualidade de vida. | |
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