Tesis
Mélanges e corpos ofiolíticos do Grupo Araxá e sua asociação com terrenos acrescionários
Registro en:
BROWN , Matthew Thomas . Mélanges e corpos ofiolíticos do Grupo Araxá e sua asociação com terrenos acrescionários, 161 f., il. 2019. Tese (Doutorado em Geologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Brown, Matthew Thomas
Institución
Resumen
Este estudo foi realizado nas melanges ofiolíticas do Grupo Araxá, Faixa Brasília, na região de
Abadiânia. Com o propósito de discutir as perspectivas de uma mélange ofiolítica dentro do Grupo
Araxá, este estudo enfoca, primeiramente, o que é um ofiolito e depois caracterizar os aspectos do que é
uma melange. Ofiolitos são fragmentos da litosfera oceânica preservados nas margens continentais durante o
desenvolvimento do prisma acrescionário relacionado ao amalgamento de blocos, terrenos, bacias e
arcos magmáticos que constituem os cinturões orogênicos. Melange é definida como uma assembleia de
rochas com a característica de "bloco em matriz", resultado de processos tectônicos e sedimentares que
misturam diferentes associações de rochas. Zonas de subducção são os principais ambientes
formadores de melange. Existem vários termos e classificações diferentes relacionados as melange e
seus ambientes tectônicos, mas melange ofiolítica obrigatoriamente implica em uma assembleia de
rochas com fragmentos de crosta oceânica preservada.
A Faixa Brasília é um cinturão orogênico de idade neoproterozoica, formado durante a orogenia
Brasiliano-Panafricana, que constitui a maior parte da Província do Tocantins, localizada na porção
central do Brasil. A Faixa Brasília é composta por espessas sequencias sedimentares sua porção leste,
Arco Magmático de Goiás no lado oeste, e o Maciço de Goiás. Este último um fragmento continental
“exótico” compreendendo terrenos granito-greenstones arqueanos, complexos gnáissicos
paleoproterozoicos, supracrustais e complexos acamados neoproterozoicos.
O Grupo Araxá é composto por rochas metassedimentares, que foram metamorfizadas em fácies
xisto verde e anfibolito, localmente alguma porções chegam ao fácies granulito. A mélange ofiolítica
Araxá é composta de corpos e blocos de assembleia mineral máfica e ultramáficas, litosfera oceânica,
hospedados em granada-mica xistos. Lentes de quartzitos e corpos graníticos também ocorrem
associados aos ofiolitos. O objetivo deste estudo foi a aplicação dos métodos geoquímico e
geocronológicos (U-Pb e Lu-Hf em grãos de zircão e Sm-Nd em rocha total) para investigar as diferentes
assembleias minerais da melange ofiolítica para entender sua importância na evolução na Faixa Brasília.
O estudo foi dividido em dois artigos. O primeiro artigo determina o a geocronologia e o ambiente
tectônico no qual foram gerados os Ofiolitos do Araxá. O segundo artigo apresenta as idades das
proveniências dos sedimentos que contribuíram para história deposicional supracrustais que constituem
o Grupo Araxá. No primeiro artigo, corpo S9 foi estudado, devido ao seu contato com uma rocha metamáfica e
sua zona de contato de alteração metasomatica bem desenvolvida de “black-wall.” Amostras de corpo
S9 e as rochas metamáficas foram analisadas, também dois mica-xistos que estão em contato com as
rochas metamáficas. Os resultados da análise química indicam que as metamáficas tem assinatura de
MORB e foram geradas em um ambiente de back-arc. Análises U/Pb em zircão mostram idade de
cristalização de ca. 800 Ma para o protolito dessas metamáficas. O núcleo desses corpos máficos
apresentam idade de 777 Ma, enquanto as suas bordas exibem idades entre 800 a 760 Ma. O ƐHf dos
zircões das rochas metamáficas variam de -21,67 a +13,66 com idades modelo TDM de 0,80 a 4,22 Ga.
Por sua vez, os zircões das metaultramáficas apresentam ƐHf de +9,16 a +23,98 com TDM entre 0,34 e
0,96 Ga. Os micaxistos têm populações principais de zircões em 790 e 890 Ma, os ƐHf desses zircões
variam de -14,87 a +6,46 e as idades TDM oscilam entre 1,47 e 1,91 Ga. Toda a associação de rochas
máfica e ultramáficas têm valores positivos de ƐNd, entre +4,95 a +7,89, indicando fonte mantelíca. O
ƐNd dos micaxistos são negativos, -8,31 a -8,16, indicando contribuições da crosta continental na fontes.
Estes xistos apresentam idades modelo TDM entre 1,83 e 2,36 Ga. Os resultados permitem propor que
Melange de Araxá foi formada em um ambiente de bacia de back-arc entre 800 e 760 Ma, enquanto os
micaxistos representam os sedimentos depositados nesta bacia no mesmo intervalo de tempo.
No segundo artigo, amostras de quartzito e granito foram analisadas e comparadas com os
resultados dos granada-micaxistos do Grupo Araxá. Xistos ricos em quartzo e granitos retrabalhados do
embasamento Paleoproterozoico constituem as principais unidades das melange ofiolítica Araxá.
Granada micaxisto indicam que há pelo menos dois períodos diferentes de sedimentação, o primeiro
após o evento extensional durante o desenvolvimento da bacia de retro-arco, e o segundo após a colisão
(ca. 670-650 Ma). Métodos geoquímicos e geocronológicos foram úteis para desvendar a história das melanges
pré-cambrianas registradas no Grupo Araxá, Faixa Brasília. Embora a evolução completa ainda não seja
documentada, foi caracterizada a assembleia ofiolítica associada a instalação de bacias de retro-arco em
ambiente de rifte (ca. 800 a 760 Ma). Dois períodos de sedimentação são registrados, um antes de 650
Ma e outro segundo após 650 Ma. Embora a origem das supracrustais e magmatismo alcalino e toleítico
tenham sido reconhecidos, não é preciso o intervalo de tempo no qual foram amalgamados, também é
necessário compreender melhor o ambiente de formação do protolito do ofiolitos.