Tesis
O jornalismo de guerra de Euclides da Cunha : as mudanças paradigmáticas e os meios impressos de comunicação
Fecha
2021-03-31Registro en:
CORRÊA, Vitor de Abreu. O jornalismo de guerra de Euclides da Cunha: as mudanças paradigmáticas e os meios impressos de comunicação. 2020. 179 f., il. Tese (Doutorado em Comunicação) — Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Corrêa, Vitor de Abreu
Institución
Resumen
O objeto de pesquisa desta tese de doutorado é a contribuição de Euclides da Cunha (1866-
1909) para o jornalismo nos discursos veiculados em reportagens publicadas no jornal O
Estado de S. Paulo entre agosto e outubro de 1897 e, mais tarde, na narrativa do livro Os
sertões, originalmente editado em 1902. O corpus do trabalho foi extraído (i) das anotações
no diário mantido por Cunha enquanto correspondente de guerra para o jornal paulista, que
foram reunidas no livro Diário de uma expedição (2000), e (ii) de seu relato da guerra de
Canudos publicado em Os sertões (2016), escrito após a sua cobertura in loco no interior da
Bahia. A análise dos textos está fundamentada em duas variáveis teóricas: (1) o estudo de
Luiz Cláudio Martino (2016; 1997) sobre as funções dos meios de comunicação, enfocando as
diferenças entre registros da atualidade (o jornal) e de memória (o livro); e (2) a perspectiva
de Jean Charron e Jean de Bonville (2016) sobre a natureza e as transformações do jornalismo
ao longo do tempo, considerando as mutações paradigmáticas e o diálogo texto/contexto. Os
resultados da pesquisa mostraram que: (a) a periodização da imprensa permitiu que a Guerra
de Canudos fosse vista como um dos fatos mais relevantes da história brasileira e sua
especificidade em livro transformasse Os sertões no clássico pelo qual passou a ser
considerado; (b) embora sob a vigência do ‘jornalismo de opinião’, nota-se inovações
discursivas no trabalho jornalístico de Euclides da Cunha (imprensa e livro); (c) o livro esteve
mais próximo do ‘jornalismo de informação’ em razão das inovações em matéria de
‘produção’, ‘coleta’ e formatação’, tripé básico do jornalismo, do que a própria
correspondência de guerra, realizada in loco e de caráter testemunhal; (d) Os sertões antecipa
regras jornalísticas (de produção, coleta e formatação) que seriam comuns mais adiante,
aproximando-se do conceito de livro-reportagem.