dc.description.abstract | Desde sua inauguração, em 21 de abril de 1961, a Estrada
Parque Taguatinga é notícia constante nas mídias da Capital Federal.
Congestionamentos, acidentes, reformas, máquinas, operações de
fiscalização encabeçam as notícias e o cotidiano daqueles que a percorrem
de uma ponta a outra da cidade. Concebida como instrumento de expansão
urbana, para viabilizar a implantação do modelo de cidades-satélites,
tornou-se o primeiro eixo de ligação entre o Plano Piloto e Taguatinga.
A Estrada expressa as lógicas conflituosas de ocupação do
território de Brasília, seja por decisão política de adensamento de suas
margens, marcada por uma seletividade socioespacial e preocupações
higienistas, ou pelos inúmeros assentamentos irregulares que se
aproveitaram de sua acessibilidade e infraestrutura.
Tudo isso veio configurar uma paisagem heterogênea,
fragmentada e distante morfologicamente e simbolicamente do conceito
que a inspirou, as parkways de Olmsted e Vaux. De estrada-parque voltada
para a experiência estética da viagem, conciliando natureza e tecnologia,
hoje, é sinônimo de lentidão, sublimidade e incertezas, ainda que suas
superfícies tenham sido ampliadas para suportar fluxos ininterruptos,
sob determinações rodoviaristas. A fim de identificar os sentidos que
lhe são atribuídos, esta investigação propõe abordar a Estrada Parque
Taguatinga como componente narrativo, objeto paisagístico capaz de
evocar significações estéticas e experiência de atravessamento.
À luz da Fenomenologia da Paisagem, foi tecida uma historiografia
do território atravessado e os processos que levaram a suas intensas
transformações, a partir de fontes de documentação primária – textual,
iconográfica e cartográfica -, incluindo matérias jornalísticas e revistas
históricas sobre a construção de Brasília. Partindo de uma apreensão do
todo, mergulhou-se na realidade factual da estrada, vivenciando-a em
movimento, em distintos itinerários e meios de transporte – automóvel,
ônibus, metrô e a pé. Assim, o olhar pela janela, a imersão na estrada
ou sobre uma passarela tornaram-se chaves de leitura que indicaram
os sentidos, associações simbólicas e relações de proximidade ou de
distanciamento estabelecidos com a paisagem imediata. | |
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