Tesis
Ataques ao corpo na adolescência : os limites e o Eu-pele
Fecha
2021-06-28Registro en:
FERREIRA, Fernando Márcio de Souza. Ataques ao corpo na adolescência: os limites e o Eu-pele. 2021. 142 f., il. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clinica e Cultura)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Ferreira, Fernando Márcio de Souza
Institución
Resumen
Este trabalho teve sua origem no questionamento sobre a função
psíquica do recurso ao ataque ao corpo nos adolescentes. Neste sentido, o objetivo da
pesquisa foi buscar compreender por que alguns adolescentes utilizam o recurso do ataque ao
corpo na forma de escarificações, autolesões, rituais de limpeza, anorexias e bulimias para
lidarem com seus mal-estares. A hipótese levantada é que os ataques ao corpo são recursos
utilizados por alguns adolescentes para lidarem com questões ligadas as falhas das funções do
Eu-pele. Desta forma, hipotetizamos que os ataques ao envelope corporal operaram como uma
tentativa de reparação subjetiva e, ao mesmo tempo, é uma forma de fazer a contenção de um
mal estar psíquico localizando-os nos limites do corpo. Este trabalho trata-se de um estudo
multimetodológico que utiliza para a coleta de dados entrevistas clínicas semiestruturadas com
quatro adolescentes e relatos clínicos de acompanhamento terapêutico de um adolescente. A
idade dos adolescentes envolvidos na pesquisa é compreendida entre 13 (treze) e 17
(dezessete) anos e o critério de inclusão era ter manifestado na clínica formas de ataques ao
corpo como escarificação, automutilação e cortes na pele. Foi utilizada a amostragem de
conveniência para seleção dos participantes e a abordagem qualitativa dos dados coletados. A
análise das entrevistas e do caso clínico deu-se na perspectiva do arcabouço teórico da
psicanálise. Observou-se que, na adolescência, o pubertário deverá inventar soluções para
lidar com o violento processo de evasão pulsional e arrombamento pubertário que lhe acomete
e os ataques ao corpo seriam saídas psíquicas para lidar com esse arrombamento, com as
diferentes formas de violências sofridas e conflitos gerados por demandas do mundo externo.
Pôde-se perceber nos casos que, ao atacar o próprio corpo os adolescentes buscavam reparar
falhas de diferentes funções do Eu-pele e restabelecer os limites do corpo no plano subjetivo. A
posição sensível do analista mostrou-se apropriada para o atendimento clínico pois permitiu
uma posição implicada, em presença e, ao mesmo tempo, reservada que possibilitasse a
historicização das experiências traumáticas do paciente.