Tesis
Estudo sobre o bem-estar subjetivo em adolescentes talentosos
Fecha
2022-04-14Registro en:
RABELLO, Camila Nascimento Vieira. Estudo sobre o bem-estar subjetivo em adolescentes talentosos. 2021. 165 f., il. Dissertação (Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Escolar) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Rabello, Camila Nascimento Vieira
Institución
Resumen
As pesquisas sobre o bem-estar subjetivo buscam identificar e mensurar variáveis associadas às
avaliações que as pessoas fazem de suas vidas, em aspectos globais e específicos, e em relação aos
sentimentos positivos e adversos que vivenciam. Compreendendo que a adolescência é um período
de muitas transformações físicas, cognitivas, psíquicas e sociais, analisar a qualidade do bem-estar
subjetivo em adolescentes é fundamental para o desenvolvimento saudável desse público. Estudar
o bem-estar em adolescentes talentosos também pode auxiliar na trajetória destes e colaborar com
seu desempenho e felicidade. Para definição de talento, adotou-se o Modelo dos Três Anéis de
Renzulli que considera as competências elevadas que algumas pessoas conseguem manter em
certos domínios, as características relacionadas à criatividade e o envolvimento com a tarefa em
uma ou mais áreas: acadêmica, artística, esportiva, social ou outra. Sabe-se que o desenvolvimento
de adolescentes talentosos não é homogêneo, portanto, as características que eles apresentam, o
ambiente e o suporte que recebem, podem servir como fatores protetivos, promovendo adaptação
e ajustamento socioemocional ou contribuir para desajustes, dificultando a identificação e o
aprimoramento de suas habilidades. Por todas essas razões, justifica-se a necessidade de se
investigar a qualidade do bem-estar dos adolescentes que apresentam comportamentos de altas
habilidades/superdotação. Diante do exposto, este estudo objetivou investigar e descrever a
qualidade do bem-estar subjetivo de adolescentes talentosos, verificando se há diferenças nos
níveis de bem-estar com relação ao gênero, idade e tipo de escola. Participaram deste estudo 96
adolescentes, na faixa etária entre 10 e 19 anos, identificados como talentosos. Do total de
participantes, 60 eram do gênero masculino e 36 do gênero feminino. Em relação aos tipos de
escolas, 41 eram alunos de escola pública, 41 de escola militar e 14 de escola privada. Os dados
foram coletados por meio de três escalas que avaliam os componentes do bem-estar subjetivo em adolescentes: Escala de Afetos Positivos e Negativos para Adolescentes (EAPN-A), Escala Global
de Satisfação de Vida para Adolescentes (EGVS-A) e Escala Multidimensional de Satisfação de
Vida para Adolescentes (EMSV-A). Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva
utilizando-se o SPSS 20.0. Para verificar se havia diferenças nos níveis de bem-estar subjetivo e
fazer as comparações propostas entre os grupos, realizou-se a Análise de Variância (ANOVA) e
em seguida, testes post-hoc através da correção de Bonferroni. Os resultados demonstraram que,
de modo geral, os adolescentes talentosos possuem bom nível de afetos positivos e de satisfação
com a vida, o que corrobora com a literatura nacional e internacional. Observou-se nas escolas
participantes, uma maior quantidade de meninos identificados como talentosos. As meninas
demonstraram maior incidência de afetos negativos, quando comparadas aos meninos. Nas
análises de diferenças por faixa etária, o grupo mais jovem, de 10 a 12 anos de idade, apresentou
médias maiores de afetos positivos e satisfação com a vida. Houve um decréscimo no índice de
afetos positivos entre os grupos de adolescentes conforme aumentava a idade. A faixa etária de 16
a 18 anos apresentou a média mais alta de afetos negativos, quando comparada aos adolescentes
mais jovens. No comparativo dos tipos de escolas, as médias de afetos positivos foram maiores
entre os alunos da escola militar, seguidos das escolas privadas e públicas, respectivamente. Em
relação aos afetos negativos, a escola militar obteve índices mais baixos nos seguintes itens:
deprimido, desanimado e triste. Na escala de satisfação geral com a vida, os adolescentes dos três
tipos de escolas avaliaram positivamente suas vidas, e na escala multidimensional, a escola militar
destacou-se positivamente nas seguintes dimensões: self, escola e autoeficácia. Apesar de muitos
adolescentes talentosos apresentarem bons níveis de bem-estar subjetivo, os resultados apontam
para a necessidade de maior atenção às diferenças de gênero, ambiente escolar e faixa etária, com
destaque para os anos finais da adolescência. Como proposta de atuação, recomenda-se: (a) formação continuada dos educadores; (b) ênfase na identificação e promoção de talentos; (c)
atenção diferenciada ao público feminino em relação à identificação de talentos e encaminhamento
aos programas de atendimento aos estudantes com altas habilidades; (d) incentivo ao estudo dos
benefícios da psicologia positiva por profissionais e responsáveis que atuam com o público
infantojuvenil.