dc.description.abstract | A partir do ano de 2022, com a vigência da 11ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), a nosologia oficial dos transtornos de personalidade (TP) passa a adotar um modelo dimensional deixando para trás o modelo categórico que vigorou por muitas décadas. O diagnóstico de TP no novo modelo da CID-11 passa a ser feito essencialmente em uma dimensão de gravidade, com três possíveis níveis (leve, moderado e grave) além de uma condição subsindrômica (dificuldade da personalidade), complementado pela descrição dos traços estilísticos da personalidade patológica em cinco domínios (afetividade negativa, desinibição, distanciamento, dissociabilidade e anancastia). O modelo inclui, ainda, o qualificador padrão borderline (um resquício do modelo categórico). A presente dissertação de mestrado teve por objetivo central investigar a adequação desse modelo para o contexto brasileiro. Por tanto, foram desenvolvidos quatro artigos. O primeiro artigo, de base teórica, teve o objetivo de descrever e discutir o novo modelo diagnóstico dos TPs adotado pela CID-11, abordando suas características e operacionalização, comparando-o com o seu correlato na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o modelo híbrido. O segundo artigo teve como objetivo apresentar os procedimentos de adaptação e de investigação psicométrica do Personality Inventory for ICD-11 (PiCD). Participaram deste estudo 2.287 brasileiros das cinco regiões do país. Os resultados confirmaram a estrutura dos cinco domínios da CID-11, além de adequados índices de consistência interna e de teste-reteste. Evidências de validade convergente com outras medidas de traços patológicos da personalidade e concorrente por meio da diferenciação de escores de participantes com e sem indicadores clínicos foram obtidas. O terceiro artigo visou a investigação do Five-Factor Personality Inventory for ICD-11 (FFiCD) que também avalia os cinco domínios da CID-11, como o PiCD, mas inclui estimativas de facetas e nuances desses domínios. A amostra desse estudo foi de 1.962 brasileiros. A estrutura de cinco domínios foi confirmada e ao nível das facetas, em geral, foram encontradas propriedades psicométricas aceitáveis, podendo ser utilizadas para detalhamento na descrição do funcionamento psicopatológico da personalidade. Evidências de fidedignidade e de validade com outras medidas de patologia da personalidade foram encontradas, indicando a adequação do FFiCD para a cultura brasileira. Por fim, no quarto artigo, o objetivo foi investigar as propriedades psicométricas da Borderline Pattern Scale (BPS), a qual se propõe a avaliar o qualificador padrão borderline da CID-11. Participaram deste estudo um total de 2.224 brasileiros. A estrutura da BPS se mostrou unidimensional, capturando os principais componentes do funcionamento borderline. Evidências de fidedignidade e validade foram obtidas para a BPS. Os resultados indicaram excelente capacidade de diferenciação entre pessoas que autodeclararam ter diagnóstico de TP Borderline e os que afirmaram não ter. Foi observada forte correlação da BPS com o domínio afetividade negativa e moderada com os domínios desinibição e distanciamento. Diferente do esperado, a correlação da BPS com o domínio dissociabilidade foi fraca. De forma geral, esta dissertação de mestrado contribui para divulgação e apresentação do novo modelo dimensional de TP adotado pela CID-11, em uma das mudanças mais radicais da nosologia psiquiátrica, bem como apresenta três importantes instrumentos de avaliação dos seus construtos, traduzidos, adaptados e validados psicometricamente ao contexto cultural brasileiro, o PiCD-Br, o FFiCD-Br e o BPS-Br. | |
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