dc.description.abstract | O conhecimento da história e das rotas de dispersão dos javalis na América do Sul, e
principalmente no Brasil, é indispensável para a compreensão dos processos de evolução
morfológica da espécie nas áreas introduzidas, e no estabelecimento de métodos de manejo e
controle mais eficazes da espécie. Meu objetivo geral nesta tese foi verificar se os fatores
históricos do processo de introdução e dispersão, e a variação geográfica e ambiental das
populações de javali, são refletidos na morfologia craniana da espécie. Além disso, propus
cenários de manejo e controle da espécie baseados na caça direcionada ao sexo. Estruturei a
tese em quatro capítulos formatados como artigos. No primeiro capítulo intitulado “Wild pigs
(Sus scrofa L.) in Brazil - Spatial distribution and dispersion rate of invasion”, fiz uma revisão
da literatura, que possibilitou contar a história da invasão do javali no Brasil, mapeando sua
acelerada distribuição espacial ao longo do tempo, além de criar modelos com taxas de
dispersão da espécie. Dois eventos principais de introdução do javali foram responsáveis pela
sua invasão: 1) no século XV, a forma doméstica da espécie foi trazida pelos colonizadores
europeus durante o período de colonização; e 2) no século XX os javalis foram introduzidos
para fins de caça, produção comercial e zoológicos. No Brasil as primeiras introduções do javali
datam da década de 1960 e os primeiros casos de invasão pelas fronteiras com o Uruguai, são
relatados ao final da década de 1980, com uma expansão rápida a partir dos anos 2000. As rotas
traçadas no sentido do sul para o norte do país, variaram entre 50,62 km/ano e 89,90 km/ano, e
mostram que possivelmente houve um efeito de aceleração da dispersão provocado pela ação
humana e que essa velocidade não é natural à espécie. Já no segundo capítulo, intitulado “Do
cranium and mandible reflect the wild pigs geographic variation in South America?”, verifiquei
por meio de técnicas de morfometria geométrica, se os javalis do Brasil, Argentina e Uruguai
apresentavam diferenciação morfológica, na forma e tamanho de crânios e mandíbulas, em um
gradiente latitudinal. Além disso, analisei se a diferenciação morfológica da espécie estava
relacionada com variáveis ambientais específicas ou com a cobertura do solo. Os resultados das
análises mostraram que os javalis têm variação morfológica de tamanho e forma da estrutura
craniana ao longo da variação geográfica, com animais maiores nas áreas mais frias e em
latitudes mais altas, concordando com a Regra de Bergmann. Entretanto, os modelos não
mostraram nenhum efeito específico de uma variável climática ou ambiental agindo na
diferenciação morfológica, mas sim um efeito fraco do ambiente como um todo sobre a
morfologia da espécie. No terceiro capítulo, intitulado “Is there differentiation in the
morphology of the skull of wild pigs (Sus scrofa L.) structured between native and introduced
areas?”, comparei pela morfometria geométrica, crânios e mandíbulas de javalis das áreas
nativas com os de áreas introduzidas, e verifiquei se as caraterísticas morfológicas das linhagens
nativas eram mantidas, ou variavam nos javalis de áreas onde foram introduzidos. Os resultados
das análises mostraram que nem todos os grupos de javalis nas áreas introduzidas diferem
quanto ao tamanho, ou à forma, em relação aos javalis das áreas nativas. Isso pode ser um efeito
do processo histórico das introduções e hibridizações do passado. Nos capítulos 2 e 3, utilizei
exemplares de javalis de diferentes localidades da América do Sul, América do Norte, Europa
e Ásia provenientes de museus, coleções de Universidades e coleções particulares de
controladores de javalis credenciados. No total, comparei 294 crânios em vista dorsal, 254
crânios em vista lateral e 300 mandíbulas em vista dorsal, para o capítulo 2. No capítulo 3, o
tamanho amostral foi de 407 crânios em vista dorsal, 359 crânios em vista lateral e 425
mandíbulas em vista dorsal. Por fim, no quarto capítulo, “Terminators of the future: Controlling
population growth of the wild pigs (Sus scrofa L.)”, modelei 11 cenários de controle
populacional do javali pela análise de viabilidade populacional (PVA) baseados na caça
direcionada ao sexo. Os modelos mostraram que aumentar a pressão de caça sobre machos, não
reduz o tamanho populacional dos javalis ao longo do tempo. Entretanto, aumentar a caça sobre
fêmeas de 50% a 70%, parece ser uma estratégia eficaz para o manejo de javalis no Brasil. | |
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