Tesis
Avaliação de uma intervenção para promoção de bem-estar financeiro subjetivo
Registro en:
SOUZA, Marcos Aguerri Pimenta de. Avaliação de uma intervenção para promoção de bem-estar financeiro subjetivo. 2020 136 f.,. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Souza, Marcos Aguerri Pimenta de
Institución
Resumen
Três quartos das famílias brasileiras relatam dificuldades financeiras em lidar com as despesas
mensais. Diversas iniciativas com o intuito de desenvolver capacidades para lidar com os
problemas financeiros têm sido implementadas. Contudo, a eficácia dessas intervenções não se
mostrou satisfatória. Embora o bem-estar financeiro subjetivo guarde clara relação com a renda,
evidências sugerem existir outros fatores que o impactam negativa ou positivamente. Este
presente trabalho teve por objetivo avaliar uma intervenção para promoção de bem-estar
financeiro subjetivo e está organizado em três manuscritos. O primeiro manuscrito, de caráter
teórico, explora a aplicabilidade de evidências de pesquisa em Psicologia e Economia para a
proposição de fatores de risco e protetivos do bem-estar financeiro subjetivo. A adaptação
hedônica, comparação social e tomada de decisão no uso do tempo e do dinheiro são propostos
como fatores de risco. A atenção plena, a gratidão e o autoconhecimento são propostos como
fatores protetivos. O segundo manuscrito aborda uma avaliação de processo de uma
intervenção para promoção de bem-estar financeiro. Adotou-se o modelo integrado de mudança
e fatores de proteção ao bem-estar financeiro subjetivo no desenho da intervenção. Trinta e três
servidores públicos participaram de uma intervenção em grupo, durante dez sessões,
totalizando 40 horas, divididos em três grupos distintos. Os instrumentos contaram com
formulários de avaliação dos mecanismos de ação e de avaliação de sessão, coletados durante
a intervenção, além de formulários de avaliação geral do curso e de avaliação de crescimento
(Murta, 2008), coletados ao final da intervenção. Os resultados indicaram evidências favoráveis
à aceitabilidade, ao engajamento e à coesão grupal, a despeito da heterogeneidade em idade e
renda dos participantes. O terceiro manuscrito descreve a eficácia da mesma intervenção cujo
processo foi avaliado no Manuscrito 2. Utilizou-se delineamento quase-experimental, contando
com 28 respondentes que participaram no grupo de intervenção, e 18 respondentes no grupo de
controle. As medidas incluíram escalas de bem-estar financeiro subjetivo; avaliação da vida;
gratidão; propensão ao planejamento financeiro; materialismo; preferência pelo crédito; e
atenção plena. Houve três momentos de coleta de dados, o primeiro no início da primeira
sessão da intervenção, o segundo no final da última sessão e o terceiro após seis meses do fim
da intervenção. Os resultados apontaram melhoria do bem-estar financeiro subjetivo de modo
geral e efeitos mais salientes para participantes da intervenção com maior grau de
vulnerabilidade financeira. Os mecanismos de gratidão, atenção plena, propensão ao
planejamento, preferência pelo uso do crédito e materialismo tiveram impactos variados a
depender do grau de vulnerabilidade financeira. Um modelo de regressão linear do bem-estar
financeiro subjetivo em função dos mecanismos de mudança apontou coeficientes significativos
que influenciam o bem-estar. Tais evidências promissoras sugerem ser pertinentes à replicação
dessa intervenção em novos contextos, incluindo para populações mais vulneráveis, e a
avaliação longitudinal de efeitos sobre o bem-estar financeiro, tanto em sua dimensão subjetiva
quanto objetiva.