Tesis
Estrutura e ancestralidade genética de populações afro-derivadas brasileiras
Fecha
2020-03-03Registro en:
GONTIJO, Carolina Carvalho. Estrutura e ancestralidade genética de populações afro-derivadas brasileiras. 2019. 226 f., il. Tese (Doutorado em Biologia Animal)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Gontijo, Carolina Carvalho
Institución
Resumen
A América Latina tem uma história intrincada que está refletida na composição genética de suas populações humanas. Apesar da crescente literatura voltada para a genética de populações do continente, populações não urbanas e não indígenas, que perfazem cerca de 20% das populações caribenhas e sul americanas, estão sub representadas em bancos de dados públicos adequados para análises de estruturação e ancestralidade. Essa deficiência é problemática tanto para a genética forense, que depende de descrições acuradas da variação genética e estruturação populacional, quanto para o entendimento da história do continente e dos eventos demográficos que originaram as populações contemporâneas. Ao longo de todo o continente americano, africanos escravizados fugidos ou libertos e seus descendentes formaram comunidades como forma de resistência contra o sistema escravista ou como consequência de seu colapso. Muitas dessas comunidades ainda existem e se mantiveram, em certa medida, geneticamente isoladas de outras populações. Os quilombos brasileiros e os palenques e comunidades negras colombianos são exemplos dessas comunidades. Neste trabalho, nosso objetivo principal foi contribuir para o conhecimento a respeito dos quilombos gerando informação sobre sua estrutura e ancestralidade, visando assim melhorar a representatividade de populações rurais em bancos de dados de interesse forense e antropológico. Adicionalmente, buscamos contrastar nossas populações de estudo uma à outra, a suas parentais presumidas a outras populações, além de avaliar a que ponto paralelos históricos estão refletidos na ancestralidade genética. Dois quilombos rurais (Kalunga - GO e Riacho de Sacutiaba e Sacutiaba - BA) foram analisados para os painéis de AIMs forInDel, SNPforID 34plex e PIMA e para a combinação PIMA + 34plex. Duas outras populações, o quilombo Mocambo - SE e a comunidad negra Mulaló, foram incluídas em determinadas análises para as quais haviam dados disponíveis. Assumimos um modelo de mistura tri-híbrido baseado em plausibilidade histórica e selecionamos populações parentais do HGDP-CEPH seguindo esse critério principal e a quantidade de variação observada dentro e entre os grupos formados por elas. Apresentamos também um novo sistema de AIMs (PIMA: Population Informative Multiplex for the Americas) que se provou eficiente em diferenciar o componente de mistura indígena americano dos de outras populações continentais - especificamente africanos, europeus e leste asiáticos. Nossas análises de ancestralidade genética e estruturação confirmaram que os principais componentes de mistura nos quilombos e na comunidad negra acessados são africano e europeu. Apesar dessa similaridade, provavelmente derivada de paralelos históricos e de origem, nossos resultados afirmam que essas populações não são homogêneas. Além de atestar a diversidade existente nas populações humanas da América Latina, nossas observações reiteram a necessidade de descrever populações outras que as urbanas e indígenas para que seja possível construir bancos de dados adequados para a análise de ancestralidade.