Tesis
Estudantes e profissionais da Agronomia e comunicação dos riscos de agrotóxicos no Brasil : uma análise de redes sociais
Fecha
2022-09-06Registro en:
SANTOS, Thiago Santana dos. Estudantes e profissionais da Agronomia e comunicação dos riscos de agrotóxicos no Brasil: uma análise de redes sociais. 2022. 124 f., il. Dissertação (Mestrado em Agronomia) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022.
Autor
Santos, Thiago Santana dos
Institución
Resumen
Os agrotóxicos são produtos utilizados para reduzir riscos econômicos decorrentes de ataques de pragas aos cultivos agrícolas. Suas características toxicológicas lhes conferem a efetividade necessária contra esses organismos, mas também geram riscos inaceitáveis à saúde humana em casos de exposições excessivas. Para gestão destes riscos, a cadeia dos agrotóxicos é regulamentada pelo poder público e as responsabilidades legais são distribuídas aos diferentes atores integrantes da cadeia. O profissional da agronomia é um dos que possui a atribuição técnica e legal para recomendar o uso e a aplicação desses produtos. Nesse aspecto, para que o gerenciamento dos riscos seja eficiente é necessário que a comunicação dos riscos identificados no processo de registro seja capaz de construir nesses profissionais uma percepção destes riscos que seja condizente com as evidências avaliadas pelos órgãos reguladores. Além disso, para subsidiar uma política pública de intervenção na cadeia dos agrotóxicos para melhorar a comunicação dos riscos é necessário compreender como esses profissionais se relacionam com suas fontes de informação e como os órgãos reguladores e atuam nessa cadeia. Foi utilizado um instrumento psicométrico para comparar das percepções de riscos de graduandos e graduados em agronomia com as percepções de servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, órgão responsável por determinar as condições de segurança para a saúde humana no uso dos agrotóxicos. Foi realizado um mapeamento das redes de informação sobre o uso seguro de agrotóxicos dos participantes da agronomia para entender a dinâmica de difusão de uma novidade tecnológica que vise aumentar a segurança da aplicação de agrotóxicos. Com base na Lei de Acesso à Informação foram solicitados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, aos Órgãos Estaduais de Sanidade e Defesa Vegetal e aos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia informações sobre a atuação dos órgãos no controle da cadeia. Foram encontradas diferenças significativas entre as percepções do público da agronomia e as percepções do público da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, sugerindo fracas relações entre os dois grupos, resultado reforçado pela análise das redes de fontes de informação. O rótulo e a bula foram as fontes mais relevantes, realidade criticada pela literatura sobre comunicação de risco. O Ministério da Agricultura, além do Agrofit e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculados ao Ministério, tiveram grande relevância na rede e podem atuar como grandes disseminadores de mensagens. O desempenho dos Conselhos Federais e Regionais foi ínfimo, mas devido seu grande alcance no público da agronomia precisam fortalecer suas relações com os profissionais para que seu potencial como comunicador seja explorado. Os pedidos de informação por meio da Lei de
Acesso à Informação demonstram carência de dados que sirvam de indicadores das fiscalizações do uso de agrotóxicos e do exercício profissional da agronomia e sugerem desajustes nas relações entre órgãos públicos de diferentes esferas e destes com a classe profissional regulada. Assim, é plausível admitir que são necessárias novas políticas públicas para melhoria da comunicação dos riscos do uso de agrotóxicos ao profissionais da agronomia.