Tesis
Efeitos de distúrbios ambientais sobre o espaço acústico da avifauna do Cerrado
Fecha
2020-05-21Registro en:
CAMBRAIA, Isis Costa. Efeitos de distúrbios ambientais sobre o espaço acústico da avifauna do Cerrado. 2019. 62 f., il. Dissertação (Mestrado em Ecologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Cambraia, Isis Costa
Institución
Resumen
Distúrbios contribuem para manutenção da diversidade da avifauna por meio de aumento em heterogeneidade ambiental. Porém regimes muito severos de distúrbios estão associados à redução em riqueza e dominância de espécies generalistas. A Área de Proteção Ambiental Gama e Cabeça de Veado é um fragmento de vegetação nativa do Cerrado, cercado por urbanização, estradas e submetido a incêndios frequentes e intensos ocasionados por atividades antrópicas. O uso de índices para caracterização do espaço acústico é uma ferramenta com grande potencial para caracterizar assembleias de aves e para associação com características do hábitat, pois apresenta respostas rápidas e com alta eficácia. Neste estudo, meus objetivos foram avaliar os efeitos de distúrbios antrópicos sobre o espaço acústico da avifauna do Cerrado e testar associações destes índices com diferentes níveis de distúrbios. Para isso, avaliei os efeitos de diferentes proximidades dos pontos de amostragem com urbanização e rodovias (borda/interior) e de diferentes severidades de fogo (baixa/alta) sobre as propriedades acústicas de assembleias de aves de fitofisionomias abertas do Cerrado. Eu esperava que a diversidade (Índice de Diversidade Acústica- ADI), a complexidade (Índice de Complexidade Acústica - ACI), a uniformidade (Índice de Uniformidade Acústica - AEI) e a heterogeneidade (Índice de Entropia Acústica - H) fossem maiores no interior da área de estudo, e em hábitats submetidos a regimes não severos de fogo. Para isso, estabeleci 20 pontos de amostragem e em cada um deles instalei um gravador digital, programado para fazer gravações nas horas próximas ao nascer e pôr do sol. As amostragens foram realizadas entre abril e agosto de 2018. A partir dos arquivos gerados foram calculados os índices acústicos e a severidade do fogo, estimada por meio do Índice de Queimada da Razão Normalizada (NBR). Os resultados mostraram que a diversidade, uniformidade e heterogeneidade acústicas do espaço acústico foram maiores em pontos mais distantes da urbanização e das rodovias e em pontos com menores severidades de fogo, conforme o esperado. A complexidade acústica não divergiu entre os pontos. Proximidade com urbanização e rodovias, assim como regimes severos de fogo, afetam negativamente o espaço acústico da avifauna do Cerrado. O uso de índices acústicos foi um método eficiente para diferenciar ambientes com diferentes níveis de distúrbios, os índices ADI, AEI, H se destacaram para tal finalidade. As variáveis mais relacionadas à variabilidade nos índices acústicos foram a estrutura e cobertura da vegetação e a heterogeneidade ambiental.