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Patogenicidade de fungos de solo em alface, controle biológico e compatibilidade de Trichoderma spp. com produtos químicos
Fecha
2020-04-01Registro en:
LIMA, Rejayne Barbosa. Patogenicidade de fungos de solo em alface, controle biológico e compatibilidade de Trichoderma spp. com produtos químicos. 2019. xi, 169 f., il. Dissertação (Mestrado em Fitopatologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Lima, Rejayne Barbosa
Institución
Resumen
A alface (Lactuca sativa L.) é originária do sul da Europa e Ásia ocidental. Algumas cultivares são altamente sensíveis a condições do ambiente e estão sujeitas à ocorrência de diversas doenças, como aquelas causadas pelos fungos Rhizoctonia solani, Sclerotinia sclerotiorum, Sclerotium rolfsii, Fusarium oxysporum f. sp. lactucae – raça 1 e o oomiceto Pythium ultimum, que juntos representam os principais agentes causadores de podridões radiculares e do colo de plantas jovens, bem como murcha generalizada. O manejo destes patógenos, veiculados pelo solo na cultura da alface deve ser baseado em um conjunto de medidas de controle, porque o solo é um ambiente complexo, envolvendo muitos microrganismos. Os fungicidas e inseticidas possuem diferentes modos de ação e atuam sobre diversos processos bioquímicos do alvo biológico. Fungos do gênero Trichoderma são os mais estudados e utilizados entre os agentes de controle biológico de doenças de plantas. Eles são reconhecidos em nível de gênero por suas características macroscópicas, tais como aparência das colônias, taxa de crescimento em meios de cultivos, agregação de conídios, produção de pigmentos difusíveis. Entretanto, em raríssimos casos, tais características são consideradas úteis na distinção de espécies. Esses fungos podem atuar como agentes de biocontrole, por diversos mecanismos, como o parasitismo, competição, antibiose, indução de resistência e promoção de crescimento. Além de constituírem importante recurso para uso na agricultura orgânica, esses agentes de biocontrole vêm atraindo atenção para uso na agricultura convencional, em combinação com o controle químico. O objetivo deste trabalho foi estudar a patogenicidade de fungos fitopatogênicos habitantes do solo advindos de cultivos de alface e feijão, às sementes de distintas cultivares de alface, o potencial de Trichoderma spp. como agentes de biocontrole de S. rolfsii, causador da murcha-de-esclerócios em mudas de alface, bem como a compatibilidade destes agentes a produtos químicos registrados para a cultura. De 16 cultivares disponíveis para estudo, foram selecionadas as cultivares Gizele, BRS Lélia, Vitória de Santo Antão, BRS Mediterrânea, Mauren e BRS Leila em testes de germinação por diferentes métodos, previamente conduzidos. Dentre estas cultivares selecionadas, as melhores são representantes do tipo varietal crespa, BRS Mediterrânea, „BRS Lélia‟ e „BRS Leila‟, que demonstraram entre 97 e 100% de germinação de sementes pelos métodos papel-filtro, ágar-água e papel Germitest, como também, nos testes de patogenicidade conduzidos em laboratório, utilizando sementes inoculadas artificialmente com os patógenos S. sclerotiorum, S. rolfsii, F. oxysporum f. sp. lactucae – raça 1, R. solani e P. ultimum. Todos os isolados dos fungos de solo utilizados, foram patogênicos a cultura da alface. Porém, causaram danos diferentes. O fungo S. rolfsii foi o que mais afetou a germinação das sementes de todas as cultivares testadas, comprometendo a germinação em 100% dos casos. Além disso, as cultivares Mauren e Vitória de Santo Antão foram as mais afetadas pela presença dos fungos S. sclerotiorum, R. solani e P. ultimum, com incidência de até 100%. As cultivares melhores sobreviventes diante do agrupamento com todas as cultivares e patógenos, foram mais uma vez, as do tipo varietal crespa (BRS Mediterrânea, BRS Lélia e BRS Leila) com 86, 79 e 92% de probabilidade de germinação, respectivamente. Nos testes subsequentes, foram utilizados seis isolados de Trichoderma: T. harzianum, T. virens, T. asperellum, T. asperelloides, T. koningiopsis e uma espécie não identificada. A maioria dos isolados de Trichoderma testados foram superiores em crescimento micelial no pareamento com os fitopatógenos. Entretanto, R. solani e P. ultimum atingiram 4,7 e 4,8 cm de crescimento micelial contra os antagonistas T. virens e T. koningiopsis, ix respectivamente. Os isolados de F. oxysporum f. sp. lactucae também demonstraram baixas médias de crescimento micelial nos confrontos, apenas 3,03 e 2,71 cm. Os isolados de Trichoderma demonstraram potencial de inibição micelial acima de 50% contra todos os fitopatógenos, com exceção de T. virens (47%) e T. harzianum (49%) contra R. solani, e T. harzianum (43%) e T. koningiopsis (45%) contra P. ultimum. Ainda sim, estes índices variaram entre 43 a 76% para os fungos fitopatogênicos. O isolado T. asperellum foi o destaque na inibição micelial contra os patógenos, sendo consequentemente o responsável pelos maiores percentuais de inibição. Os resultados preliminares obtidos em casa de vegetação na inoculação de mudas de alface com 10, 15, 20 e 25 mL da suspensão de esporos de T. asperelloides e T. koningiopsis no substrato infestado com S. rolfsii (CEN1531), não mostraram evidência de que alguma combinação, antagonista + dose crescente, seja de alguma forma eficaz para o controle da doença nas condições testadas. Todavia, nos tratamentos com doses de 20 e 25 mL de T. asperelloides contribuíram para a sobrevivência de 50% das mudas ao final de 10 dias de experimentação. O meio BDA foi o escolhido para os estudos de compatibilidades in vitro. Todos os isolados de Trichoderma foram compatíveis em todas as doses testadas dos ingredientes ativo: iprodiona, boscalida e os inseticidas à base de imidacloprido e atingiram crescimento micelial total de 90 mm em placas de Petri. Nos ensaios com procimidona e iprodiona, todos os isolados de Trichoderma apresentaram a morfologia da colônia diferentes das testemunhas, exceto o isolado Trichoderma sp. – CEN1441. Este mesmo isolado foi o único compatível ao ingrediente ativo procimidona em todas as doses. Contudo, nenhum dos isolados testados foi compatível com o fungicida tiabendazol. Ao ser avaliado o potencial dos seis isolados de Trichoderma como promotores de crescimento, todos contribuíram para a promoção de crescimento das mudas no final de 30 dias de experimento. Os incrementos de massa fresca de raiz e de parte aérea, altura de planta e comprimento de raiz, foram variáveis de 15 a 45% na cultivar BRS Leila com os isolados de T. virens, T. koningiopsis e T. harzianum, de 13 a 36% na cultivar Lélia com os isolados T. asperellum, T. asperelloides e de 44 a 78% na cultivar BRS Mediterrânea com os isolados T. virens, T. asperellum e T. asperelloides. O isolado T. virens foi o que mais contribuiu para o incremento das variáveis e a cultivar BRS Mediterrânea respondeu melhor às inoculações dos isolados de Trichoderma, enquanto „BRS Lélia‟ apresentou o menor desempenho nas condições testadas. Perante os resultados alcançados ao longo de todos os capítulos desta dissertação, foi possível constatar que os testes de germinação utilizando diferentes métodos e a patogenicidade in vitro, pode apresentar potencial de uso em estudos preliminares na prospecção de genótipos de alface com potenciais germinativos e resistentes às doenças causadas pelos patógenos de solo e ainda, que a utilização de fungos do gênero Trichoderma contribui para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável em várias vertentes, como: prospecção in vitro de agentes de biocontrole de fungos fitopatogênicos, compatibilidade com moléculas químicas de fungicidas e inseticidas e na promoção de crescimento de plantas cultivadas.