Tesis
Gestação por substituição, ordem pública e o melhor interesse do menor
Fecha
2020-07-06Registro en:
SANTIAGO, Juliana Faria. Gestação por substituição, ordem pública e o melhor interesse do menor. 2020. 90 f. Dissertação (Mestrado em Direito)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Santiago, Juliana Faria
Institución
Resumen
O trabalho, intitulado “Gestação por
Substituição, Ordem Pública e o Melhor Interesse do Menor”, propõe-se a estudar a gestação por
substituição transnacional, suas causas e consequências, a partir da análise de casos concretos
que ganharam projeção internacional. Para tanto, analisa-se a regulação da prática no Brasil e nos
principais países envolvidos em conflitos internacionais. A gestação por substituição consiste,
essencialmente, na doação temporária do útero de uma mulher para a concretização do projeto
parental idealizado por outros. Com a mudança na concepção do padrão de família na sociedade e
o surgimento das técnicas de reprodução assistida, possibilitou-se a subversão de conceitos
historicamente incontroversos quanto à identificação da filiação de crianças, demandando que as
legislações domésticas de cada Estado evoluíssem para contemplar a nova realidade. No entanto,
essa evolução não se mostrou uniforme. A discrepância entre as legislações, combinada ao
fenômeno da globalização, resultou no crescimento exponencial de contratos de gestação por
substituição transnacional e no consequente aumento de litígios envolvendo esses contratos. Há
diferentes aspectos adjacentes desses litígios, sendo que a presente pesquisa evidencia a violação
dos direitos das crianças, não raramente sujeitas à apatridia, à ausência de filiação e ao abandono.
Verifica-se que a exceção de ordem pública vem sendo constantemente invocada, em
desconformidade com o princípio internacional de proteção aos direitos humanos, resultando na
violação sistemática dos direitos das crianças. Da recusa ao reconhecimento de decisões e
certidões de nascimento estrangeiras decorrem consequências como a não observância dos direitos
à filiação, à nacionalidade, à identidade, ao convívio familiar e outros, em dissonância com o que
prescreve o princípio do melhor interesse da criança. Por fim, o trabalho conclui que, nos casos de
litígios transnacionais envolvendo a gestação por substituição, a violação dos direitos das crianças
guarda forte relação com a utilização da exceção de ordem pública pelos Estados, especialmente
no que concerne à determinação de parentesco.