Tesis
Adoecimento e retorno ao trabalho após transtorno mental : um estudo com policiais militares do Distrito Federal à luz da Sociologia Clínica
Fecha
2020-12-03Registro en:
DIAS, Cledinaldo Aparecido. Adoecimento e retorno ao trabalho após transtorno mental: um estudo com policiais militares do Distrito Federal à luz da Sociologia Clínica. 2020. 348 f., il. Tese (Doutorado em Administração)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Dias, Cledinaldo Aparecido
Institución
Resumen
Os transtornos mentais e comportamentais apresentam-se como a terceira maior causa de
incapacidade para o trabalho nos últimos anos. Tal fato demanda a necessidade de maior
atenção aos aspectos que perfazem a organização do trabalho e o envolvimento dos
profissionais com suas instituições. Nesse sentido, o presente estudo se concentra no
adoecimento mental vinculado ao trabalho, com ênfase no retorno do policial às suas atividades
após transtornos dessa natureza.O objetivo consiste em analisar, por meio da Sociologia Clínica
e da Análise de Discurso Crítica (ADC), como o contexto do trabalho militar da PMDF,
perfazendo elementos da organização do trabalho, suas condições e fatores socioprofissionais,
influencia o retorno do policial ao trabalho depois de afastamento por transtorno mental. O
estudo assume natureza qualitativa, realizada de forma etnográfica, em que notas de observação
participante, pesquisa documental e 21 entrevistas semiestruturadas foram utilizados como
recursos de coleta de dados e formação do corpus. A análise fundamentou-se nos recursos
metodológicos da ADC. Foram analisados aspectos discurvivos das representações particulares
nos dados por meio do estudo do significado representacional na transitividade, na
interdiscursividade, na representação dos atores sociais e nas escolhas lexicais/vocabulário; e
por meio do estudo do significado identificacional por meio de análise das avaliações, da
modalidade e das metáforas nos dados. A análise dos textos permitiu a identificação de cinco
eixos temáticos, descrevendo: os fatores influenciadores da entrega e submissão dos policiais à
dominação militar; a construção identificacional do policial; o contexto do trabalho como
corresponsável pelo desencadeamento de transtornos mentais; e, por fim, aspectos que
perfazem o retorno ao trabalho após afastamento por transtorno mental, identificando aspectos
depreciativos e positivos desse retorno. À guisa de conclusões, os resultados auferidos
reverberam a relação direta entre a organização do trabalho militar e os conflitos interpessoais,
a fragilização dos laços sociais e os abusos do poder, advindos do modelo hierárquico
tradicional como desencadeadores do adoecimento mental e dificultadores para o retorno ao
trabalho. A falta de políticas ou ações institucionalizadas de atenção ao trabalhador quanto do
retorno ao trabalho após transtorno mental desqualifica qualquer investimento realizado antes
ou durante o afastamento do trabalho. Adverte-se que a saúde mental da PMDF deve compor
agenda do Distrito Federal e ser alvo de exercício contínuo da corporação. A exposição
frequente a eventos traumáticos favorece o adoecimento psíquico dos policiais e pode contribuir
para a violência contra si e contra a sociedade.