Tesis
Pesquisas eleitorais e colunismo político na cobertura das eleições presidenciais de Brasil (2014) e Argentina (2015)
Fecha
2017-05-21Registro en:
FONTENELLE, André Luís Soares. Pesquisas eleitorais e colunismo político na cobertura das eleições presidenciais de Brasil (2014) e Argentina (2015). 2017. 165 f., il. Dissertação (Mestrado em Comunicação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Fontenelle, André Luís Soares
Institución
Resumen
As pesquisas de intenção de voto se tornaram um elemento incontornável da cobertura das campanhas eleitorais pelos meios de comunicação. Historicamente, têm sido utilizadas como base de matérias jornalísticas e análises sobre a campanha eleitoral. Boa parte dos textos dos colunistas emprega os números de pesquisas eleitorais. Mas, de que forma essas pesquisas amparam a construção, pela mídia, de suas estratégias argumentativas, com vistas ao agendamento e ao enquadramento do debate político? Para compreender como se dá esse uso das pesquisas pelos meios de comunicação analisaram-se 170 textos de quatro comentaristas políticos de grande prestígio de meios de comunicação de referência (O Estado de S. Paulo e O Globo, no Brasil; Clarín e La Nación, na Argentina), relativos às campanhas presidenciais ocorridas nesses países, respectivamente, em 2014 e 2015. Também foram analisados aspectos metodológicos e jurídicos que impõem certas restrições ao uso das pesquisas pelos meios de comunicação, ou as tornam sujeitas a erros ou manipulações. A análise dos textos confirmou o extenso uso das pesquisas na produção de enquadramentos que se assemelham entre si, tanto dentro do colunismo de cada país quanto entre os colunismos dos dois países, apropriando-se, para impor determinada construção da realidade, do caráter de cientificidade que o campo das ciências sociais atribui a esse tipo de levantamento. Entre os enquadramentos relacionados às pesquisas encontram-se a omissão dos candidatos “mal colocados”; a omissão da ocorrência de outros pleitos majoritários e proporcionais; a pregação do “voto útil” em favor de determinados candidatos; e a atribuição ao eleitorado de anseios, como o de mudança, com base em pesquisas pouco aprofundadas. As pesquisas servem, portanto, não como instrumento de interpretação e previsão do comportamento do eleitorado, e sim de agendamento e enquadramento de temas do debate político, com propósito persuasivo.