Tesis
Efeitos da equoterapia no equilíbrio postural, mobilidade funcional, marcha, fadiga e qualidade de vida em pessoas com esclerose múltipla
Fecha
2021-04-14Registro en:
MORAES, Andréa Gomes. Efeitos da equoterapia no equilíbrio postural, mobilidade funcional, marcha, fadiga e qualidade de vida em pessoas com esclerose múltipla. 2020. 178 f., il. Tese (Doutorado em Educação Física)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Moraes, Andréa Gomes
Institución
Resumen
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença multifatorial envolvendo fatores genéticos e
ambientais, caracterizada como uma doença inflamatória, crônica, imunomediada,
desmielinizante, neurodegenerativa e a causa principal de deficiência neurológica não
traumática em adultos jovens. As manifestações clínicas e o curso da doença são heterogêneos
e refletem o acúmulo de lesões desmielinizantes nas substâncias branca e cinzenta do cérebro,
além da medula espinhal. Apesar de os sinais e sintomas serem muito variáveis, os déficits de
equilíbrio postural, marcha, mobilidade funcional e fadiga são considerados frequentes e
reduzem a qualidade de vida das pessoas com EM. A fim de melhorar as condições de vida
dessa população e evitar a progressão da doença, diferentes métodos de reabilitação e tipos de
exercícios tem sido propostos, dentre eles, a equoterapia, que é um método que utiliza o
movimento do cavalo, considerado similar com a marcha humana, para promover estímulos
neuromotores e sensoriais abrangendo a estrutura corporal, a função, as limitações de atividades
e as restrições de participação, podendo promover melhorias em diversos desfechos (como por
exemplo: equilíbrio postural e desempenho funcional) e em diferentes populações (como por
exemplos: paralisia cerebral e autismo). Objetivo: avaliar os efeitos da intervenção
equoterápica no equilíbrio postural, mobilidade funcional, marcha, fadiga e qualidade de vida
em pessoas com EM remitente-recorrente. Métodos: A tese divide-se em três artigos: o
primeiro trata de uma revisão narrativa da literatura sobre o estado da arte da equoterapia como
método de reabilitação para pessoas com EM. O segundo e o terceiro artigos são frutos de um
estudo experimental para verificar os efeitos da equoterapia em pessoas com EM do tipo
remitente-recorrente. Os 33 participantes foram designados a um grupo de intervenção com
equoterapia (n = 17) ou um grupo controle (n = 16). A intervenção incluiu 16 sessões de 30
minutos de equoterapia realizadas duas vezes por semana. O segundo artigo analisou o
desempenho da marcha por meio do teste de caminhada de 25 pés (T25FW) e do teste de
caminhada de 6 minutos (6MWT), além de avaliar as variáveis espaço-temporais utilizando o
sistema GAITRite (CIR System). O terceiro artigo verificou os efeitos secundários da
equoterapia sobre o equilíbrio postural por meio das variáveis do centro de pressão (CP)
utilizando uma plataforma de força (AccuSway Plus, AMTI, United States). Foram avaliadas
também: a mobilidade funcional, por meio do teste timed-up and go (TUG), a fadiga, com a
escala de severidade de fadiga (FSS) e a escala modificada do impacto da fadiga (MFIS), e a
qualidade de vida, com o instrumento de avaliação funcional da qualidade de vida para
esclerose múltipla (DEFU). Resultados: A partir da revisão narrativa da literatura identificouse um total de 10 artigos nos idiomas inglês e português. Percebeu-se um número restrito de
estudos com alto rigor metodológico, apresentando desfechos variados e predominância da
análise do equilíbrio postural, a maioria com poucos participantes e diferentes formas clínicas,
o que dificulta a generalização dos resultados. Houve melhora significativa em todos os
desfechos analisados no estudo experimental (equilíbrio postural, mobilidade funcional,
marcha, fadiga e qualidade de vida). Em comparação com o controle, o grupo de intervenção
aumentou significativamente a distância do 6MWT (+ 9,70%, p <0,001) e diminuiu o tempo do
T25FW (-15,86%, p <0,001). Em relação aos parâmetros espaço-temporais da marcha, o grupo
de intervenção apresentou melhoras significativamente maiores na maioria das variáveis (p
<0,005) do que o controle. Apenas o tempo de equilíbrio (p = 0,043), o tempo de apoio (p =
0,031) e o tempo de duplo apoio absoluto (p = 0,017) e relativo (p = 0,017) foram identificados
como mediadores significativos dos efeitos da equoterapia no desempenho da caminhada
avaliados pelo T25FW. Não houve mediador significativo para o 6MWT (todos p> 0,05).
Quanto ao equilíbrio postural houve uma diminuição significativa da velocidade e área elíptica
de 95% do centro de pressão em todas as condições de teste para o grupo de intervenção em
comparação com o controle. Houve melhora da mobilidade ao longo do tempo no grupo de
intervenção medida pelo TUG (p = 0,001), assim como para FSS (p <0,001). Além disso,
também houve melhora para a pontuação e todos os domínios MFIS (p <0,005) para o grupo
de intervenção em comparação com o controle e quanto ao DEFU houve melhora ao longo do
tempo no grupo de intervenção (p <0,05). Conclusão: Mediante os benefícios desta intervenção
sobre os sintomas incapacitantes da EM remitente-recorrente, a equoterapia pode ser uma
abordagem útil como tratamento complementar para pessoas com EM.