dc.description.abstract | Esta tese analisa a relação entre a gentrificação, como estratégia de produção
do espaço, e o processo de produção do espaço metropolitano de Brasília. O
conceito de gentrificação surgiu em 1964 e explica os processos de transformação
urbana que promovem o deslocamento da população de menor renda para serem
substituídos por outra de renda maior. Na atualidade, a gentrificação é entendida
como um fenômeno planetário, onde o elemento comum entre cidades diversas é o
desigual acesso à moradia bem localizada. 60 anos após a inauguração de Brasília
como nova capital federal, o discurso utópico de uma cidade moderna, planejada e
sem desigualdades perdeu-se com o tempo. Atualmente, Brasília é uma metrópole
de múltiplas cidades com abissais desigualdades onde a polarização entre centro e
periferia não explica mais a organização socioespacial. Propõe-se que, hoje Brasília
é mais que o Plano Piloto e mais que o Distrito Federal (DF), a metrópole funcional
corresponderia à Área Metropolitana de Brasília (AMB), organizada em um centro de
alta renda, um pericentro de renda média e uma periferia de renda baixa. São duas
as perguntas que orientam a pesquisa: a primeira é, ocorreram processos de
gentrificação na história urbana da AMB? e a segunda é, como o conceito de
gentrificação contribui para explicar as transformações urbanas da AMB? A hipótese
diz que, apesar das particularidades na história da produção do espaço da AMB,
existiriam sim processos de gentrificação. O objetivo é analisar os efeitos
socioespaciais das transformações urbanas na AMB e investigar se ocorreram
processos de gentrificação. Para isso, a pesquisa utilizou o método hipotético-
dedutivo e o método misto em pesquisa social. A análise aborda, em um primeiro
eixo, a formação do espaço metropolitano até 1999; e, em um segundo eixo, as
transformações socioespaciais na AMB entre 2000 e 2018. O enfoque está: 1) nos
câmbios demográficos, 2) nos deslocamentos migratórios e fluxos metropolitanos, 3)
nas mudanças na legislação urbana e habitacional, e 4) nas variações dos preços
dos imóveis. A atuação do Estado foi fundamental durante a formação da AMB, por
uma parte, produzindo espaços residenciais segregados e por outra, promovendo
contínuos processos de remoções da população pobre das áreas centrais. Sob
pretexto da preservar o lago Paranoá e o Conjunto Urbanístico de Brasília, o
planejamento urbano foi efetivo em preservar a área central como espaço de
exceção e concentrador de privilégios. Grandes projetos urbanos e de infraestrutura
como o Centro Metropolitano e o metrô em Taguatinga, Ceilândia e Samambaia
incentivaram a valorização imobiliária de espaços pericentrais. As mudanças na
legislação urbana revelam como a lógica privada inseriu-se nos governos locais,
transformando os instrumentos de planejamento urbano em facilitadores do mercado
imobiliário, como nos Planos Diretores do DF em 2009 e de Cidade Ocidental em
2016. Conclui-se que o resultado das transformações urbanas na AMB é uma
perversa organização socioespacial, que está potencialmente estruturada, primeiro,
pela relação entre as condições de renda, nível educacional e raça, e segundo, pela
relação entre o valor da moradia e a distância ao centro metropolitano. | |
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