dc.description.abstract | Esta tese analisa como o déficit de accountability na Desvinculação de Receitas da União (DRU)
influencia a alocação de recursos na política pública de saúde no Brasil. Trata de um estudo explicativo,
descritivo, de natureza qualitativa e quantitativa, com revisão sistemática da literatura, consulta pública,
análise de conteúdo, levantamento de dados e testes estatísticos. A amostra da DRU compreendeu de
janeiro de 1994 até março de 2019, perfazendo 303 observações mensais e da alocação de recursos
na política pública de saúde, o período foi de 2000 até 2017, correspondendo a 216 observações
mensais. A metassíntese limitou-se a treze estudos sobre a accountability no setor público e nove
estudos sobre a alocação de recursos na política pública de saúde, sinalizando que na literatura
internacional, na área de business, management e accountability, há um consenso sobre a
compreensão do temo accountability, como dever de prestar contas e responsabilização, advinda de
uma variável-chave da Ciência Política, que é o poder e a necessidade de controlá-lo, apontando o
déficit de accountability no setor público como lacuna de pesquisa na agenda internacional. Quanto a
alocação de recursos na política pública de saúde, na área de Ciências Contábeis o tema é pouco
explorado e a maioria dos estudos é voltado para cuidados de saúde e controle de doenças. A
triangulação teórica entre a Teoria da Contabilidade, a Public Choice Theory (PCT - Teoria da Escolha
Pública) e a Actor-Network Theory (ANT - Teoria Ator-Rede), sobre a accountability, revelou
implicações práticas relacionadas à inquietude humana de controlar o exercício do poder e os atores
envolvidos. Sob o ponto de vista empírico, a ausência de identificação de uma conta específica no
ementário da receita pública, de informações contábeis detalhadas e de evidenciação nas
demonstrações contábeis e nos demonstrativos fiscais, que impossibilitam a verificação da gestão dos
recursos livres da DRU no Brasil, demonstra a existência de déficit de accountability e corrobora com
a literatura internacional. De janeiro de 1994 até março de 2019, a DRU representou, na média,
aproximadamente, 4% do PIB per capita brasileiro, com crescimento da arrecadação da União centrado
na expansão das receitas de contribuições e na retração das receitas de impostos, o que enfatiza uma
política desonerativa, com reflexos diretos na partilha de recursos com os entes subnacionais. Por sua
vez, por meio de quase-experimento com teste de regressão com série temporal interrompida, a
influência da DRU na alocação dos recursos na política pública de saúde no Brasil não foi confirmada.
Apenas o PIB foi significativo para explicar variações nos recursos alocados. Resultado similar foi
observado nas regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste. Na região Sul, nenhuma das variáveis foi
significativa. Contudo, ao ampliar a lente sobre os estados, a implementação da DRU (Emenda
Constitucional n.º 93/2016) foi significativa em Alagoas, Bahia, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e
Sergipe, apresentando impacto negativo da DRU. Assim, há evidências de que o déficit de
accountability no mecanismo da DRU do governo brasileiro, com o fim precípuo de incrementar os
recursos em seu poder, em detrimento dos demais atores envolvidos, gera diversas externalidades
negativas que se renovam a cada nova prorrogação dele e que influencia na alocação de recursos na
política pública de saúde no Brasil, na medida que fragilidades de transparência, controle e aspectos
implícitos do sistema dificultam sua rastreabilidade e mantém os questionamentos sobre a partilha dos
recursos entre os entes federados. | |
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