Tesis
Quilombolas e navais : contribuições à crítica do Estado e do Direito a partir do conflito na comunidade remanescente de quilombo de Rio dos Macacos
Fecha
2019-12-27Registro en:
GUIMARÃES, Johnatan Razen Ferreira. Quilombolas e navais: contribuições à crítica do Estado e do Direito a partir do conflito na comunidade remanescente de quilombo de Rio dos Macacos. 2019. 132 f., il. Tese (Doutorado em Direito)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Guimarães, Johnatan Razen Ferreira
Institución
Resumen
A partir do conflito fundiário que opõe a Comunidade Remanescente de Quilombo de Rio dos
Macacos e a Marinha do Brasil, esta tese se propõe a investigar os entraves à efetivação das normas
constitucionais relativas aos direitos fundamentais de comunidades quilombolas e os potenciais
expansivos de uma hermenêutica voltada à inclusão e ao reconhecimento da diferença. Para este
fim, parte-se da descrição do conflito com base na documentação produzida pela própria
comunidade e pelo Estado, em processos judiciais e administrativos. A partir dos discursos e
práticas mobilizados no âmbito do conflito, a tese busca historicizar as relações étnico-raciais que
marcam o contato entre o Estado Brasileiro e as comunidades tradicionais. Para isso, reconstrói o
desenvolvimento do conceito de quilombo no pensamento social e jurídico brasileiro, até a
constitucionalização dos direitos étnicos resultante do processo constituinte de 1988, com destaque
às contribuições teóricas e políticas de Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez e Beatriz
Nascimento. Para compreender as participações contraditórias do Estado Brasileiro no conflito,
atuando como garantidor e, ao mesmo tempo, violador de direitos fundamentais, a tese apoia-se nas
reflexões de Nicos Poulantzas e Evgeny Pachukanis sobre as relações entre as instituições estatais e
a forma econômica do Capital. Indo além dos autores marxistas, a tese retoma a crítica pós-colonial
para sustentar o papel estruturante da raça na formação do Estado e da economia nacionais. A partir
deste diagnóstico, busca contrapor o projeto político representado pelas comunidades quilombolas
ao modelo de desenvolvimento nacional que guia a atuação do Estado no conflito de Rio dos
Macacos.