Tesis
Nós, perversos ? Reflexões psicanalíticas sobre a temática da perversão na pós-modernidade
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TEIXEIRA, André Luís Escouto. Nós, perversos? Reflexões psicanalíticas sobre a temática da perversão na pós-modernidade. 2019. 98 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clinica e Cultura)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Teixeira, André Luís Escouto
Institución
Resumen
O conceito de perversão na literatura ‘psi’ – psicopatológica, psicanalítica e psiquiátrica – possui inúmeras divergências e sinuosidades ao longo dos séculos, perpassando discursos morais, religiosos, positivistas e psicanalíticos. – de Sade à Freud e Lacan. Na pós-modernidade, observamos a emergência da economia de mercado, de um produtivismo e consumismo excessivos, os quais produzem objetos de gozo, dotados de materialidade, ainda que esvaziados, entregando aos sujeitos uma ilusão da possibilidade de viver sem falta através do consumo, o que pode ser associado à perversão e ao fetiche psicanalíticos. Este trabalho teve como objetivo revisar as principais categorias da temática da perversão na literatura psicanalítica, buscando tecer um estudo compreensivo, utilizando elementos da sociologia e da filosofia, tendo como foco último a análise da hipótese de uma nova economia psíquica, onde sintomas, defesas ou comportamentos perversos podem compor a pós-modernidade e trazer uma nova forma de se subjetivar, bem como do pensar a clínica da perversão no contexto da emergência da sociedade de consumo e do produtivismo. Onde o laço social entre os humanos se desfaz e o discurso capitalista promove novos objetos de fetiche através do “consuma!”,
dotados de uma materialidade ilusória, estudar a perversão por uma ótica plural e interdisciplinar se faz mais do que necessário. Os perversos não são os monstros que nos fizeram imaginar, mas o nosso negativo indissociável, a possibilidade de passagem ao ato de nossa perversidade fantasiada. Para que possamos pensar uma clínica do sujeito que comete atos de perversidade, existe a necessidade do afastamento das conotações abjetas e horríveis que perpassam o conceito, bem como da lamourização do sujeito que comete tais atos.