Tesis
Contribuição dos isótopos de C, O e SR em fósseis para caracterização de incursões marinhas cenozoicas na Amazônia
Fecha
2020-06-26Registro en:
ALVIM, André Mateus Valentim. Contribuição dos isótopos de C, O e SR em fósseis para caracterização de incursões marinhas cenozoicas na Amazônia. 2020. 78 il. Dissertação (Mestrado em Geologia) — Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Alvim, André Mateus Valentim
Institución
Resumen
A evolução do cenário paleoambiental e geográfico da Amazônia no
Cenozoico é marcado por intervalos em que incursões marinhas invadiram o continente e
influenciaram no padrão de sedimentação das bacias sedimentares e na dinâmica da biota.
Evidências paleontológicas, como a coexistência de espécies típicas de água doce e outras
comumente encontradas em ambientes transicionais a marinhos, além de evidências
sedimentológicas de estruturas de maré são, até o momento, a base para a definição das
incursões marinhas na Bacia Amazônica. No entanto, trabalhos de análise isotópica em
moluscos miocênicos de algumas bacias subandinas peruanas e colombianas não apresentam
evidências para corroborar com esta hipótese. Sendo assim, o presente trabalho tem como
objetivo realizar análises isotópicas (δ
13C, δ
18O e 87Sr/86Sr) e estimativas de paleosalinidade
utilizando macrofósseis carbonáticos e fosfáticos e microfósseis carbonáticos recuperados em
unidades geológicas cenozoicas de bacias sedimentares peruanas (Madre de Dios, Ucayali e
Huallaga) e brasileiras (Solimões e Marajó) em que incursões marinhas já foram sugeridas.
Desse modo, visa-se elaborar hipóteses a respeito das condições paleoambientais por meio da
assinatura química dos corpos aquosos e, assim, averiguar se os dados isotópicos podem ou
não corroborar com as interpretações apresentadas na literatura. Organismos atuais de
diferentes ambientes também foram analisados para criação de parâmetros isotópicos para
auxiliar nas interpretações paleoambientais. Além disso, as estimativas de paleosalinidade foram
aferidas utilizando os dados 87Sr/86Sr obtidos nas análises isotópicas e a equação de mistura de
águas referente a trabalhos isotópicos prévios. Os valores de δ
13C e δ
18O obtidos foram pouco
negativos e uma estimativa de paleosalinidade próxima de ambientes oligohalinos a marinhos
para os fósseis da Bacia Amazônica Leste (Formação Pirabas, Mioceno Inferior). Dessa forma,
a interpretação paleoambiental dos dados isotópicos têm uma boa correspondência com as
evidências marinhas demonstradas em trabalhos prévios. Por outro lado, foram obtidos valores
de δ
13C e δ
18O mais negativos e uma estimativa de paleosalinidade típica de ambientes de água
doce a pouco salina para os fósseis da Bacia Amazônica Oeste (Paleoceno ao Mioceno Superior).
Esses resultados condizem com os dados isotópicos já apresentados em trabalhos anteriores,
não evidenciando a presença de incursões marinhas. No entanto, a análise isotópica
comparativa dos valores de δ
13C e δ
18O em ostra atual da Ilha de Mosqueiro, ambiente estuarino
e salobro próximo à região de Belém, com os fósseis miocênicos da Bacia Amazônia Oeste
apresenta valores semelhantes. Desse modo, baseando-se nesse fato e nas evidências
sedimentológicas e paleontológicas de trabalhos prévios, propõe-se um paleoambiente
transicional estuarino para os momentos de incursões marinhas durante o Mioceno nessa região.