Tesis
Perspectiva de análise da economia compartilhada a partir da sustentabilidade : uma proposta conceitual e operacional
Fecha
2020-07-07Registro en:
LOPES, Isadora Bacha. Perspectiva de análise da economia compartilhada a partir da sustentabilidade: uma proposta conceitual e operacional. 2020. 143f., il. Tese (Doutorado em Administração)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Lopes, Isadora Bacha
Institución
Resumen
Com a flexibilização do trabalho promovida pelo crescimento do serviço e da tecnologia,
principalmente a Internet, novas formas de troca, baseadas em redes distribuídas, passaram a
possibilitar novos arranjos econômicos, que transformaram recursos ociosos em serviços
compartilhados. Assim, baseando-se no acesso em detrimento da posse, nas relações entre
provedor e usuário mediadas por plataformas de colaboração e otimização de recursos
subutilizados, surge a economia compartilhada (EC), com a promessa de promover
sustentabilidade, conexão social e cidadãos ativos, aqueles que exercem sua cidadania. Apesar
de estar atualmente em seu estágio formativo, a EC desperta diversas críticas relacionadas à
precarização do trabalho, como concorrência desleal e ausência ou escassez de mecanismos
de regulamentação. Dessa forma, o objetivo da presente tese é propor um modelo conceitual e
operacional de análise organizacional a partir de três perspectivas da EC (materialista;
distribuída e compartilhada). Para isso, foi realizado um estudo multicasos para as três
diferentes perspectivas, baseado em entrevistas, análise documental e observação participante.
A partir da análise organizacional de quatro casos (Yellow Bike, Cinese, Ecovila Terra
Sublime e Clube de Compras Sustentável da Cafuringa), foi possível analisar vivências
relacionadas às soluções de problemas ligados à mobilidade, educação, moradia e
alimentação. Cada caso foi estudado à luz de uma das três perspectivas, visando compreender
a situação de ação (como cada perspectiva funciona) e como as dimensões - governança
colaborativa, atores (relação P2P) e recursos (plataforma de colaboração e recurso
subutilizado) - geram e distribuem valor na EC. Por meio da análise dos casos, foi possível
adaptar a ferramenta Sistema sócio-ecológico (SES) para o contexto da EC e identificar
aspectos relevantes na análise da autogestão, da gestão participativa, da governança
colaborativa e da criação do senso de coletividade. Foi observado que a perspectiva
materialista se confunde com o consumo baseado no acesso, sob demanda e/ou no sistema
produto-serviço. A perspectiva distribuída apresenta contribuição com importantes reflexões a
respeito do papel dos intermediários e do nível de acesso entre os atores, além de demonstrar
que a geração de receita está frequentemente associada à oferta de serviços adicionais. A
perspectiva compartilhada demonstrou aproximação com a teoria do comum e a economia
solidária. A partir dos casos estudados, observa-se que não é inerente à EC promover a
sustentabilidade, e que a sua capacidade em distribuir os ganhos de forma equitativa ainda
está em aberto. É essencial que a análise da EC seja feita de forma contextualizada. Por fim,
destaca-se que a EC e as instituições reguladoras vêm evoluindo, mas que ainda estão em
construção. Aspectos como acesso, comunidade, coletivo, colaboração, autonomia e relação
entre pares fazem parte desses modelos de negócio e vêm contribuindo para que os usuários
repensem os mecanismos de trocas vigentes no mercado. São apontadas, ainda, contribuições
teóricas, metodológicas e gerenciais advindas da pesquisa, além de suas limitações e agenda
de pesquisa.