Tesis
Aplicabilidade da musicoterapia nas complicações neurológicas decorrentes da hipóxia isquêmica encefálica, induzida experimentalmente por nitrito de sódio
Fecha
2018-03-28Registro en:
RIBEIRO, Mara Claudia. Aplicabilidade da musicoterapia nas complicações neurológicas decorrentes da hipóxia isquêmica encefálica, induzida experimentalmente por nitrito de sódio.2017. 178 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Médicas)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Ribeiro, Mara Claudia
Institución
Resumen
Introdução: Anualmente, milhares de pessoas sofrem hipóxia cerebral, apresentando o dobro de chance de desenvolver alterações cognitivocomportamentais relacionadas à ansiedade e à depressão. Como forma de tratamento não farmacológico para tais condições pode-se utilizar a musicoterapia. Objetivo: Analisar as alterações histológicas hipocampais e cerebelares e possíveis repercussões comportamentais e bioquímicas provocadas pela Sonata de Mozart em animais sem e com hipóxia isquêmica encefálica induzida experimentalmente por Nitrito de Sódio. Metodologia: Foi realizado um estudo experimental com 36 ratas Wistar distribuídas em grupos que sofreram hipóxia e que ouviram música em protocolos de aplicações agudas e crônicas. A hipóxia foi induzida experimentalmente por Nitrito de Sódio na dosagem de 60mg/kg durante 15 dias. Foram analisadas variáveis comportamentais no Campo aberto, Labirinto em Cruz Elevado (comportamento sugestivo de ansiedade) e o Nado Forçado (comportamento sugestivo de depressão). Análises bioquímicas verificaram o estresse agudo e crônico por meio dos níveis de cortisol, glicose, colesterol e lactato. Foram coletadas e analisadas amostras histológicas do hipocampo, regiões CA1, CA2, CA3, CA4 e Giro Denteado e do córtex cerebelar. Resultados: Os animais que sofreram a lesão encefálica e não receberam o protocolo de música apresentaram o pior desempenho nos testes de ansiedade e de depressão, demonstrando claramente o efeito ansiogênico da lesão encefálica. O efeito ansiogênico também foi verificado no grupo que sofreu hipóxia e recebeu música crônica. Já os grupos que receberam música aguda e crônica (sem lesão) e o grupo que recebeu música aguda após lesão apresentaram características de efeito ansiolítico. Destacou-se também efeito antidepressivo da música aguda e crônica em todos os grupos. Em relação as análises bioquímicas, o cortisol foi a variável que apresentou destaque, com níveis elevados no grupo que sofreu hipóxia e também no grupo que recebeu o protocolo de música crônica. Em relação aos aspectos histológicos, a região CA1 foi a área menos atingida pela hipóxia. Os animais que apenas receberam música, seja no protocolo agudo ou crônico, não apresentaram diferença significante (p≤ 0,05) na contagem de neurônios sadios em relação ao grupo controle. Já os animais que receberam o protocolo de música aguda após a lesão encefálica apresentaram melhores contagens de neurônios sadios nas áreas CA1, CA3, CA4 e Giro Denteado que os demais grupos com hipóxia. O cerebelo não apresentou alterações significativas nos animais que receberam música, apenas nos que sofreram hipóxia foi possível observar a lesão. Conclusões: A hipóxia isquêmica encefálica pode provocar danos estruturais e comportamentais, sendo que os animais que apenas sofreram hipóxia apresentaram menor peso encefálico, comportamento similar a depressão e a ansiedade, maior nível de cortisol e menor contagem de neurônios sadios em todas as áreas, exceto CA1. A música aguda e crônica em animais saudáveis, demonstraram efeitos antidepressivos e ansiolíticos, porém, o estresse acompanhou o grupo que ouviu música crônica. Embora estes grupos tenham apresentado maior número de neurônios sadios que lesionados em todas as áreas, não houve melhor contagem que no grupo controle. O destaque da atual pesquisa e deu no grupo de animais que sofreu lesão e recebeu o protocolo de música aguda devido ao elevado peso do encéfalo, assim como o efeito ansiolítico e efeitos antidepressivos, e mais os valores de cortisol que também foram menores que no grupo hipóxia. Este grupo apresentou o maior número de neurônios sadios em quase todas as áreas do hipocampo, exceto a área CA2. Já os animais que sofreram lesão e receberam o protocolo de música crônica apresentaram respostas ansiogênicas e sinais de estresses, possivelmente relacionados com os efeitos da lesão somado ao da música crônica. Destaca-se negativamente o fato de que estes animais apresentaram desempenho semelhante ao grupo que apenas sofreu hipóxia, no que tange a contagem de neurônios, de forma que, para a região hipocampal, a música aguda após a lesão por hipóxia, foi aquela que promoveu os melhores estímulos. Ao se projetar estes achados em humanos, é provável que possa haver repercussões positivas sobre aspectos comportamentais e histológicos e, consequentemente, na qualidade de vida de pessoas com lesões encefálicas decorrentes de hipóxia.