Tesis
Ecologia de morcegos filostomídeos em floresta atlântica no extremo sul do Brasil
Fecha
2020-05-20Registro en:
RUI, Ana Maria. Ecologia de morcegos filostomídeos em floresta atlântica no extremo sul do Brasil. 2002. 65 f. Tese (Doutorado em Ecologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2002.
Autor
Rui, Ana Maria
Institución
Resumen
O presente trabalho teve como objetivos estudar a composição da fauna, os hábitos alimentares e a reprodução de espécies de morcegos da família Phyllostoniidae (Mammalia: Chiroptera), no extremo sul do Brasil. O estudo foi realizado no município de Maquine, no Estado do Rio Grande do Sul. em área de Floresta Atlântica sensu strictu (Floresta Ombrófila Densa), no período de maio de 2000 até abril de 2001. Os resultados obtidos demonstram que na área de estudo ocorrem nove espécies de morcegos filostomídeos. Aríibeus liiuratus correspondeu a 60% das capturas, podendo ser considerado uma espécie “muito abundante”, Aríibeus fimbriatus e Stumira liliitm tiveram freqüência de captura de 19% cada uma, e podem ser consideradas “abundantes”, todas as demais espécies ocorrem com baixa freqüência podendo ser consideradas espécies “raras” na área. As espécies de morcegos filostomídeos presentes na área podem ser divididas em três diferentes guildas alimentares: duas espécies são nectarívoras/ onívoras, seis são frugívoras e uma hematófaga. A matriz de nicho construída demonstra que estas espécies podem ser diferenciadas utilizando-se as variáveis tamanho do corpo e hábitos alimentares. As três espécies mais abundantes na área, A. lituratus, A. fimbriatus e S. liliuin, possuem hábito alimentar frugívoro e utilizaram durante o estudo 10 espécies de plantas pertencentes a sete diferentes famílias. Artibeus lituratus utilizou nove plantas e concentra sua alimentação em Cecropia glaziovii e em diferentes espécies da família Moraceae. A. fimbriatus utilizou cinco plantas e 53% de sua dieta foi constituída de Fiais insipida. S. liliuin utilizou oito plantas e 71% de sua dieta consistiu de Piper gaudichaudianum, cujos frutos são intensamente utilizados durante três meses, no restante do ano sua dieta é bastante diversificada. O índice de sobreposição de nicho entre as duas espécies de Artibeus foi alto, indicando semelhanças em suas dietas, e entre as duas espécies de Artibeus e S. lilium foi baixo, indicando diferenciação nas dietas. Os dados lenológicos obtidos das espécies vegetais consumidas pelos morcegos demonstraram que há frutos ao longo de todo o ano na área de estudo. Artibeus lituratus. A. fimbriatus e S. lilium possuem reprodução poliestrica bimodal no extremo sul do Brasil, mantendo ciclos semelhantes aos verificados em outras regiões do país. O nascimento dos filhotes ocorre entre os meses de outubro e fevereiro, o que corresponde ao período de primavera e verão e as temperaturas mais elevadas do ano. Os dados indicam que a atividade reprodutiva dos machos adultos é contínua ao longo de todo o ano. Nas populações das três espécies 5 foram encontrados jovens e subadultos de dezembro até julho, que corresponde ao período de recrutamento dos filhotes.