Tesis
Globalização e mobilidade humana nas américas : refletindo sobre mulheres latino-americanas presas no Brasil
Fecha
2019-10-04Registro en:
MACHADO, Débora Fernandes Pereira. Globalização e mobilidade humana nas américas: refletindo sobre mulheres latino-americanas presas no Brasil. 2019. 126 f. il. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Machado, Débora Fernandes Pereira
Institución
Resumen
O objetivo deste estudo consiste em compreender a relação entre a prisão em um país exterior e a questão da divisão internacional sexual e racial do trabalho e seus impactos sobre a mobilidade humana, aspectos da chamada globalização, a partir das experiências de uma boliviana e uma paraguaia presas em Brasília por serem mulas do tráfico. A pesquisa compreensiva utiliza como técnica a análise de entrevistas e dos processos criminais das mulheres latino-americanas presas. O trabalho de campo realizado na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, por sua vez, foi anterior a consolidação desta investigação, de maneira que as questões que norteiam este trabalho foram elaboradas através do trabalho de campo, sendo a escuta o principal instrumento de conhecimento. Por meio das entrevistas com as estrangeiras presas em Brasília, análise de seus processos criminais e de um arcabouço teórico propõe-se compreender a relação entre mobilidade humana, encarceramento, nacionalidade, raça e gênero no contexto da globalização. A problemática de investigação constitui em analisar como a feminização da migração e o aumento no aprisionamento de mulheres ao redor do mundo são articulados no interior do processo de globalização. Em interação, esses elementos evidenciam estratégias que favorecem a construção de um processo de criminalização influenciado por marcadores de gênero, classe social, raça e nacionalidade. Nesse sentido, considera-se que o aprisionamento de mulheres latino-americanas em um país exterior, pertencente a uma mesma região da América Latina, é uma manifestação local de fluxos transnacionais de pessoas, produtos, capitais e ideias. A prisão, portanto, está permeada de características simultaneamente locais e globais. Deste modo, o trabalho busca refletir sobre as estruturas desiguais que tendem a produzir situações de vulnerabilidade e exclusão social, além de experiências que foram denominadas de isolamento. Conclui-se que as dinâmicas de isolamento se manifestam no contexto de “prisão global” porque o processo de globalização é diverso em suas causas e efeitos, sentido de maneira desigual a depender dos contextos locais e as especificidades de cada país, região, grupo, indivíduos. Embora as histórias de vida das mulheres latino-americanas presas na capital do país sejam distintas, é possível perceber situações de isolamento físico, social e afetivo que as expõe a contextos de vulnerabilidade e exclusão social. Além do mais, considera-se que o circuito “contrageográfico” do transporte de drogas faz parte de uma “economia submersa”, e que pode não estar diretamente relacionado à intenção de migrar, mas a prisão e o tempo de pena abrem possibilidades e perspectivas migratórias.