Tesis
Tensões e disputas frente às manifestações da contrarreforma psiquiátrica brasileira
Fecha
2022-03-25Registro en:
LIRA, Gabriela Fernandes Chaves. Tensões e disputas frente às manifestações da contrarreforma psiquiátrica brasileira. 2021. 192 f., il. Dissertação (Mestrado em Política Social) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Lira, Gabriela Fernandes Chaves
Institución
Resumen
Esta dissertação teve como objetivo investigar as principais inflexões contrarreformistas
da Política de Saúde Mental (PSM) à luz da Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB) e o
posicionamento ideopolítico de resistência e dos retrocessos de segmentos organizados.
A construção da pesquisa se deu com subsídio no método materialista histórico-dialético,
e os procedimentos metodológicos foram de caráter bibliográfico e documental.
Analisou-se o acervo normativo do Ministério da Saúde, ancorando-se em subsídios de
outras normativas, além disso, foram analisados os posicionamentos dos segmentos
organizados no campo da saúde mental (RENILA, MNLA, ABRASME, ABP,
FEBRACT) – que apresentam bastante incidência no processo de Contrarreforma
Psiquiátrica (CP) – por meio de manifestações públicas em sites próprios, redes sociais e
páginas públicas. E, também, foram identificados alguns impactos no financiamento.
Nesse sentido, observou-se que o processo de contrarreforma não apenas materializa-se
no campo normativo e orçamentário, mas se dá na ordem das narrativas que buscam
fortalecer o paradigma manicomial ou, ao contrário, reforçam um projeto manicomial
privatista e conservador. Constatou-se, ainda, que o posicionamento de tais segmentos
organizados, os quais apresentam relevância histórica no âmbito dessa política, seja no
sentido de vislumbrar o campo da atenção psicossocial, seja de manter os padrões da
psiquiatria tradicional, constroem espaços de tensões e disputas na esfera da política de
saúde mental e contribuem para a materialidade de uma Saúde Mental (SM) pautada em
dois polos que divergem. Contudo, foi possível perceber que as forças de resistência que
se constatam no processo contrarreformista contribuem para minar os retrocessos, mas
que se apresentam sob contradições da própria sociedade capitalista. No entanto, a análise
permitiu compreender que algumas falácias são introjetadas para dar mote ao movimento
da CP e que são fruto da própria lógica societária. Para tanto, compreende-se que as lutas
no campo da saúde mental não devem ser compostas de forma endógena, porém precisam
estar atreladas à transformação radical da sociedade manicomial para uma sociedade sem
manicômios. Com isso, a reforma psiquiátrica e a Luta Antimanicomial não estão postas
e garantidas, precisam ser cotidianamente construídas.