Tesis
Nzo ia Nkis : uma análise experiencial do protagonismo negro na fundação de um terreiro de Candomblé Angola
Fecha
2021-03-23Registro en:
FERREIRA, Tiago Alves. Nzo ia Nkis: uma análise experiencial do protagonismo negro na fundação de um terreiro de Candomblé Angola. 2020. 67 f., il. Dissertação (Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Ferreira, Tiago Alves
Institución
Resumen
O ato de contar histórias, assim como todo ato linguístico, produz valores simbólicos e efeitos propositivos pelos quais se operam o comportamento e as crenças dos interlocutores. Mesmo diante das investidas coloniais em silenciar o protagonismo negro das histórias sobre o nosso povo, nunca nos faltaram essas narrativas. Estas narrativas sempre estiveram presentes na própria experiência negra de existir em luta por dignidade como sujeitos e sujeitas, na oralidade presente como maior instrumento de apresentação e construção do conhecimento nos terreiros de matrizes africanas, nos quilombos e nas mais variadas expressões de resistência vivenciadas pelas pessoas negras, numa sociedade calcada no racismo. Apropriar-se de linguagem que evidencie o protagonismo negro em nossas narrativas e encontrar propostas que torne possível tratar dos atravessamentos causados pelo colonialismo e escravização do nosso povo, embora haja seus desafios é uma escolha que se expressa como ato político de resistência. Construo o pensamento que resulta neste ensaio partindo de uma análise histórico-crítica experiencial da minha condição de negro brasileiro. Trago acontecimentos relevantes que fizeram parte de minha formação como sujeito, envolvendo os aspectos de uma criação cristã para negação da negritude, os processos de luta para libertação das amarras do racismo, o movimento de retorno ao berço ancestral e o reconhecimento de uma identidade negra que se coletiviza na fundação de uma Nzo ia Nkisi ou Terreiro de Candomblé Angola. Numa perspectiva colaborativa sobre as narrativas que se tecem em torno, e não sobre o candomblé, pretendo partilhar como a minha trajetória e de meus ancestrais protagonizam a fundação de terreiro numa expressão de resistência às tentativas coloniais de supremacia e de silenciamento de nossas experiências.