Tesis
Cinema para LIBRAS : reflexões sobre a estética cinematográfica na tradução de filmes para surdos
Fecha
2018-01-15Registro en:
ANJOS, Raphael Pereira dos. Cinema para LIBRAS: reflexões sobre a estética cinematográfica na tradução de filmes para surdos. 2017. 94 f., il. Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Anjos, Raphael Pereira dos
Institución
Resumen
A tradução audiovisual tem ganhado cada vez mais espaço na sociedade brasileira, principalmente devido a seu caráter acessível e ao avanço da legislação sobre acessibilidade. A lei 13.146 de 2015 em seu artigo 42 afirma que é “direito da pessoa com deficiência o acesso à cultura em igualdade de oportunidade com os demais cidadãos” (BRASIL, 2015), isso implica que as produções audiovisuais, devem estar disponíveis de forma acessível. No que tange aos Surdos, o arcabouço legal estabelece que a Língua de Sinais Brasileira (LIBRAS) é o meio de comunicação oficial desta Comunidade e que o português deve ser respeitado como segunda língua. Para os Surdos as formas mais comuns de acessibilidade audiovisual são a legendagem e a Janela de LIBRAS, a primeira privilegiando o português, segunda língua dos Surdos, e a última privilegiando a Língua de Sinais Brasileira, primeira língua dos Surdos. Nesse sentido, o trabalho visa investigar a Janela de LIBRAS como uma solução tradutória que garanta o amplo acesso ao cinema para a Comunidade Surda através de um modelo que privilegie a Língua de Sinais Brasileira contemplando as especificidades linguísticas inerentes às línguas de modalidade visuoespacial, observando com cautela as premissas estéticas das obras cinematográficas e o respeito à Cultura Surda. Partindo do modelo de janela de LIBRAS que desenvolvemos no “Guia para produções audiovisuais acessíveis” do Ministério da Cultura preparei a tradução do curtametragem “Eu não quero voltar sozinho”, do diretor Daniel Ribeiro, que narra o dia a dia de Léo, um jovem cego, seus dois amigos Giovana e Gabriel e o despertar da sexualidade dos dois garotos. Considerei para o projeto uma tradução que respeite os aspectos culturais do público alvo, no caso os Surdos, entendo que o tradutor e intérprete de LIBRAS, ao traduzir não considere apenas a língua, mas também a cultura e a história do público a que se destina o trabalho (PERLIN, 2006). Como pressuposto teórico, baseei este estudo nas teorias de cinema defendidas por Marcel Martin (2005), Aumont et all (2007) e Jost e Gaudreault (2009); adotei ainda a semiótica de Umberto Eco (2002) que entende que nem todos os fenômenos comunicativos podem ser explicados por categorias linguísticas e entendemos a obra cinematográfica como um texto multimodal, conforme abordado por Albres (2015), já que correlaciona vários sistemas semióticos e ao receber a tradução em LIBRAS ainda adere aos sistemas semióticos dessa língua. Identifiquei com o projeto de tradução que para a elaboração de Janela de LIBRAS é necessário estar ciente de que o produto audiovisual é complexo e demanda um estudo detalhado. O cotejo da tradução realizada revelou ainda a importância da compreensão da Janela de LIBRAS como uma modalidade de Tradução Audiovisual. Reitero com esta pesquisa a emergência de mais estudos sobre os usos da Janela de LIBRAS e a reflexão sobre o processo de tradução para LIBRAS sob o viés da acessibilidade linguística.