Tesis
O microclima da campos secos e campos úmidos e seus impactos na capacidade germinativa de sementes de gramíneas nativas do Cerrado
Fecha
2019-08-15Registro en:
SOUZA, Cristiele dos Santos. O microclima da campos secos e campos úmidos e seus impactos na capacidade germinativa de sementes de gramíneas nativas do Cerrado. 2019. 57 f., il. Dissertação (Mestrado em Botânica)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Souza, Cristiele dos Santos
Institución
Resumen
A savana brasileira, conhecida localmente como Cerrado, é caracterizada pela formação de um mosaico paisagístico composto por diversos tipos de formações campestres, savânicas e florestais que constituem o segundo maior bioma brasileiro. O Cerrado distribui-se predominantemente pela porção central do país, estando submetido à precipitação sazonal e queimadas, com intensidade e frequência distinta a depender da fisionomia. A sazonalidade pode se manifestar também no potencial hídrico do solo, distinguindo, por exemplo, entre campos sujos secos (dry grasslands) e campos sujos úmidos (wet grasslands). Devido a altura do lençol freático, os solos de campos sujos úmidos se mantêm úmidos até mesmo na estação seca, atingem temperaturas mais baixas e as queimadas são de menor intensidade quando comparado aos campos sujos secos. Visto que o ambiente de ocorrência das espécies pode exercer influência sobre as características germinativas de suas sementes, objetivou-se verificar em condições laboratoriais se a germinabilidade, viabilidade e o tempo médio de germinação de sementes de espécies de gramíneas nativas do Cerrado ocorrentes em campos sujos secos e em campos sujos úmidos, comparando populações submetidas a passagem de fogo recente ou não, diferem quando submetidas a distintos tratamentos de potenciais osmóticos e de temperatura. Para tanto, coletou-se sementes de onze espécies de gramíneas nativas do Cerrado, sendo cinco delas oriundas de campos sujos úmidos e seis de campos sujos secos, das quais três espécies da primeira fisionomia e duas da segunda são advindas de populações submetidas à queimada no mesmo ano de coleta. Fez-se testes de germinabilidade, viabilidade e tempo médio de germinação das sementes submetidas a gradientes de potenciais osmóticos (-0.2, -0.4, -0.6, -0.8 e -1.0 MPa) associados a temperatura atual (17/27ºC) e projetada para o futuro (23/33ºC). As sementes de espécies de campos sujos secos apresentaram maior percentual de viabilidade com germinação espalhada ao longo do tempo sob os tratamentos de potenciais osmóticos associado ao regime térmico atual, enquanto sementes de espécies de campos sujos úmidos, mantidas nas mesmas condições, apresentaram redução acentuada no percentual de viabilidade à medida que os potenciais osmóticos se tornavam mais negativos, entretanto, os efeitos foram reduzidos quando as sementes foram oriundas de áreas queimadas. Em temperatura projetada para o futuro o tempo médio de germinação e a viabilidade de sementes de ambas as fisionomias reduziu. Os resultados mostraram que, em condições atuais, sementes de campos sujos secos apresentam maior tolerância ao déficit hídrico, demonstrando a influência das características do ambiente de origem das espécies na germinação de suas sementes, e que o déficit hídrico resultará em maior impacto na dinâmica populacional de espécies de campos sujos úmidos, mas aparentemente com menor influência sobre aquelas submetidas a evento de fogo anterior à produção das sementes. Contudo, o aumento de temperatura poderá influenciar a estratégia germinativa de sementes de campos sujos secos, devido à redução do tempo de germinação, podendo ocasionar o estabelecimento de plântulas fora do período de condições favoráveis em ambientes com sazonalidade acentuada. Assim, ressalta-se que o aumento de temperatura e diminuição da precipitação resultará em impactos para a dinâmica de espécies de ambas as fisionomias.