Tesis
Memórias, histórias e resistência camponesa em um desenvolvimento rural gerador de violência e impunidade : o caso do massacre de Pau D’Arco
Fecha
2020-08-04Registro en:
PORTO, Cleia Anice Da Mota. Memórias, histórias e resistência camponesa em um desenvolvimento rural gerador de violência e impunidade: o caso do massacre de Pau D’Arco. 2020. 194 f., il. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Porto, Cleia Anice Da Mota
Institución
Resumen
A violência e a impunidade no campo são consequências do pacto de poder que orienta a estrutura política que consolida um modelo de desenvolvimento concentrador, degradador e excludente. Os massacres são expressões extremas da violência histórica que atinge os povos do campo e da floresta em suas lutas cotidianas pelo direito à terra e território. O Massacre de Pau d’Arco, localizado em uma das regiões mais conflitivas do país, foi mais um extermínio de trabalhadores rurais sem terra pela polícia. O objetivo central desta dissertação consiste em recompor e presentificar a memória do Massacre de Pau d’Arco estabelecendo relações com o histórico padrão de violência, violações de direitos e impunidade no campo, analisando o papel do Estado e do capital neste processo. Neste sentido, resgata a memória do massacre dialogando com mecanismos da Justiça de Transição. Considera a memória não apenas como medida de rememoração, mas, principalmente para que a história do massacre não seja esquecida e silenciada, como tantas outras. O não esquecimento impõe compromissos com a verdade, justiça, reparação e com transformações estruturais para que as violações não mais aconteçam. A dissertação também trata de lutas históricas que reagem ao avanço do capital na região sul/sudeste paraense, que vão desde o enfrentamento direto na mata para proteger a posse da terra e territórios, até a realização de massivas mobilizações unitárias, ocorridas até meados da década de 2.000 - que conquistaram importantes ações de reforma agrária, estabelecendo limites ao avanço desmedido do capital na região. São lutas que inspiram a resistência das famílias sem-terra que reocuparam a área onde ocorreu o Massacre de Pau d’Arco. Ali, pela luta e organização, constroem a esperança do porvir. Exigem justiça para os mortos e a realização das ações de reforma agrária para que possam reconstruir suas vidas, com a garantia do direito à terra e ao território.