Tesis
O campo térmico urbano : ilhas de calor em Brasília - DF
Fecha
2018-11-09Registro en:
VIANNA, Ellen Oliveira. O campo térmico urbano: ilhas de calor em Brasília - DF. 2018. 267 f., il. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Autor
Vianna, Ellen Oliveira
Institución
Resumen
A ação do homem no meio urbano, com a impermeabilização do solo, a retirada da cobertura vegetal e com os adensamentos das áreas centrais de forma indevida, influencia o campo térmico urbano e causa o fenômeno ilhas de calor urbanas – ICU. A questão ambiental urbana tem ênfase neste trabalho, que diferente dos estudos tradicionais de ICU, compara entre si áreas urbanas de configurações diferentes. A intenção é identificar as relações entre os tipos de materiais de superfície, as temperaturas e a morfologia urbana no processo de formação das ilhas de calor. Para isto, as áreas amostrais de Brasília DF, objeto do presente estudo, foram analisadas e comparadas considerando-as cenários urbanos provenientes de atividades antrópicas capazes de produzir alterações climáticas. Plano Piloto e Regiões Administrativas são uma rede de cidades, cuja peculiar inter-relação configura um processo de urbanização. Interessa-nos interpretar e mensurar as relações existentes entre os fatores determinantes do processo de formação das ICU em Brasília/DF, que está amplamente exposta, segundo os aspectos históricos, geográficos (com destaque ao clima e a vegetação) e morfológicos. O estudo do clima urbano compreende uma análise das temperaturas, das trocas térmicas, da presença de vegetação em áreas urbanas, da evapotranspiração e da morfologia urbana, levando também em consideração o fator W/H/L, os cânions urbanos, o Fator Visão do Céu, a ventilação urbana e os materiais de superfície. Em última instância, tal análise culmina no conceito ilhas de calor. Dentre as formas de monitoramento do fenômeno ilhas de calor, definiu-se pela utilização de imagens termais provenientes de sensoriamento remoto, o que demanda ferramentas de geotecnologia para o desenvolvimento da pesquisa. Assim, para análise quantitativa, foram definidas doze áreas amostrais do DF, segundo a diversidade de traçados e formas de ocupação do solo, além da observação de variáveis, geográficas, ambientais, urbanísticas e morfológicas. Após o geoprocessamento dos dados das áreas amostrais definidas, a análise do campo térmico urbano no DF compõe-se em três frentes: as classificações supervisionadas dos materiais de superfície (software Quantum Gis); o fator W/H (largura da caixa da rua / altura dos edifícios), segundo uma base teórico numérica; e imagens termais obtidas por satélite, transectos (software ENVI) e imagens da câmera termográfica. A primeira frente de análise corresponde à análise dos materiais de revestimentos das superfícies, a segunda considera de que maneira as formas construídas afetam o clima local, modificam os fluxos de ar, o transporte do calor atmosférico e os saldos de radiação de ondas curtas e longas e a terceira trata da análise sazonal do campo térmico urbano. Finalmente, os resultados das três frentes são contrastados, bem como as correlações estatísticas entre materiais de superfície, temperaturas e fator W/H. Entre os resultados preliminares, da etapa teórica, temos cerca de 2ºC de aumento da temperatura, em Brasília – DF, de 1990 aos dias atuais, sendo que cerca de 1ºC ocorreu do ano de 2012 em diante, além da consequente diminuição da umidade e alterações dos índices pluviométricos (Instituto Nacional de Meteorologia - INMET). As áreas mais aquecidas incluem não só as regiões mais adensadas, mas também áreas de solo exposto ou vegetação rasteira seca, em áreas pouco adensadas ou mesmo não ocupadas. Observamos que a presença ou ausência de vegetação diferencia a temperatura de áreas do Plano Piloto em 1ºC e nas áreas das Regiões Administrativas vizinhas de 1 a 3ºC. As correlações entre materiais de superfície e temperaturas são fortes e ascendentes: no Plano Piloto foram em média de 0,94 em agosto e de 0,90 em fevereiro e nas áreas das Regiões Administrativas em média de 0,89 em agosto e de 0,80 em fevereiro. Já para as correlações entre temperaturas e fator W/H, os resultados são: 0,94 em agosto e 0,65 em fevereiro. Concluímos que o clima urbano pode ser influenciado segundo boas práticas de ocupação do solo, e refletimos que em relação ao campo térmico, a legislação que disciplina o uso e ocupação do solo deve ser revisada sob novos paradigmas.