Tesis
Caracterização de rearranjos cromossômicos e sua relação com quadros clínicos
Fecha
2020-02-05Registro en:
WAWRUK, Halinna Dornelles. Caracterização de rearranjos cromossômicos e sua relação com quadros clínicos. 2019. 143 f., il. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Wawruk, Halinna Dornelles
Institución
Resumen
Rearranjos cromossômicos estruturais são causados a partir da formação de quebras
de dupla fita (DSB). As DSBs juntamente com o mecanismo de reparo envolvido, são
responsáveis pelo surgimento de diferentes rearranjos cromossômicos estruturais,
como deleções, duplicações, inserções, translocações e inversões. Esses rearranjos
mesmo quando equilibrados, como no caso de translocações e inversões, podem
causar quadros clínicos nos indivíduos portadores. É possível caracterizar e
diagnosticar a causa de seu fenótipo por meio da análise da região do ponto de quebra
associado à formação do rearranjo. O uso de técnicas de citogenética e moleculares,
principalmente o cariótipo (Bandamento G e C), a análise por microarranjo (CMA), a
hibridação in situ fluorescente (FISH) e o sequenciamento de nova geração mate-pair
(NGS-mate-pair) são algumas das técnicas utilizadas para a identificação de
rearranjos estruturais, sendo o NGS-mate-pair o mais adequado à pesquisa pela
região do ponto de quebra de rearranjos equilibrados. O objetivo deste projeto foi
caracterizar rearranjos cromossômicos estruturais aparentemente equilibrados
identificados ao cariótipo, e sua relação com o fenótipo dos portadores, utilizando para
isso diversas técnicas de citogenética clássica e molecular. Foram selecionados 10
pacientes atendidos no Ambulatório de Genética do Hospital Universitário de Brasília
(HUB-UnB) que apresentavam rearranjos cromossômicos aparentemente
equilibrados.. Foram realizadas técnicas como bandamento G e C, CMA, FISH e NGSmate-
pair. Cada caso foi caracterizado individualmente, correlacionando-se o
rearranjo com o quadro clínico do paciente. O paciente 1, selecionado como portador
de inversão, apresentava uma duplicação invertida em mosaico que incluía 90 genes.
O paciente 2 era portador do rearranjo 46,XY,inv(7)(p13;q36), herdado do pai afetado,
e apresentava uma deleção na região 7p14.1-p12.3 (4,8 Mb) onde está mapeado o
gene GLI3 que causa a síndrome de Greig. A paciente 3, apresentava o rearranjo
equilibrado 46,XX,t(2;9)(p25;q13) e tinha deficiência intelectual moderada. O ponto de
quebra presente no cromossomo 2 interrompia o gene LINC00299, gene candidato ao
quadro clínico. O paciente 4, apresentava o rearranjo equilibrado
46,XY,t(2;11)(q14.2;q12.1), cujo ponto de quebra no cromossomo 2, interrompia o
gene PTPN4, relacionando-se este gene com o quadro clínico de deficiência
intelectual e atraso psicomotor e cognitivo. As paciente 5 e 6 eram gêmeas
monozigóticas e apresentavam o rearranjo equilibrado 46,XX,t(3;12)(q26.31;q14.3),
no ponto de quebra do cromossomo 12, havia a interrupção de HMGA2, e o quadro
clínico de baixa estatura e macrocrania, similar à síndrome Silver-Russell, pôde ser
relacionado a esse rearranjo. As gêmeas monozigóticas 7 e 8 apresentavam o
rearranjo equilibrado 46,XX,t(9;20)(q21.12;q11.23) e o quadro clínico de transtorno do
espectro autista. Na região do ponto de quebra do cromossomo 20, havia a
interrupção do gene DLGAP4, proposto como causa do quadro clínico de transtorno
do espectro autista. A paciente 9 era portadora da translocação equilibrada
46,XX,t(2;19)(q31;q13.1) e apresentava baixa estatura e deficiência intelectual. Não
foi possível realizar o NGS mate-pair para caracterização do ponto de quebra. O
paciente 10, apresentava o rearranjo complexo 46,XY,del(18)(p11.32-
p11.31)/del(18p11.2)mos e seu quadro clínico de deficiência intelectual e atraso no
desenvolvimento, além de dismorfias craniofaciais e nas mãos, relacionava-se com a
síndrome de 18p. Em todos os casos em que o estudo foi concluído foi possível
identificar genes candidatos ao quadro clínico. Assim, demonstramos que o emprego
de métodos de citogenética clássica e molecular associados ao sequenciamento de
nova geração constituem uma importante estratégia para investigação da etiologia
dos quadros clínicos em portadores de rearranjos cromossômicos.