Influência do nível sérico de testosterona na morbidade operatória de homens tratados para neoplasia dos aparelhos digestivo e gênito-urinário

Abstract

Introdução. A resposta inflamatória ao trauma cirúrgico tem como objetivo reparar os tecidos que foram danificados e proteger o corpo contra possíveis patógenos invasores. A regulação da intensidade da resposta inflamatória ao trauma é crucial para a reabilitação do paciente após a operação. Desequilíbrio na resposta pode aumentar sobremaneira a morbidade operatória. Evidências indicam que os hormônios sexuais não apenas modulam as respostas imune e cardiovascular após o trauma, mas também influenciam vários processos metabólicos. Objetivo. Avaliar se a concentração sérica pré-operatória de testosterona se correlaciona à morbidade operatória de pacientes submetidos a tratamento cirúrgico de neoplasias do aparelho digestivo e gênito-urinário. Método. Trata-se de coorte prospectiva na qual foram incluídos pacientes homens submetidos a tratamento cirúrgico de malignidades dos aparelhos digestivo e do gênito-urinário em um hospital universitário no período de janeiro de 2018 a outubro de 2019. A testosterona sérica foi dosada no período pré-operatório e foram registradas as complicações pós-operatórias e classificadas de acordo com o sistema de Clavien-Dindo e o Comprehensive Complication Index (CCI). Resultado. Foram incluídos 47

pacientes no estudo, sendo que 14 deles apresentaram alguma complicação no período pós- operatório. O nível sérico de testosterona variou de 108,4 ng/dL a 834,9 ng/dL. Vinte e nove

pacientes (61,7%) apresentavam níveis normais de testosterona. Pacientes com níveis de testosterona maiores que 350 ng/dL não diferiram significativamente com relação à prevalência de ocorrência de complicações cirúrgicas (Clavien-Dindo) daqueles com níveis de testosterona inferiores a 350 ng/dL (p = 0,1943). Não foi observada correlação significativa entre a testosterona e o CCI tanto bruta quanto ajustada (p = 0,7103 e p = 0,4265, respectivamente). Conclusão. Não houve influência da testosterona na morbidade operatória de pacientes com câncer gastrintestinal ou gênito-urinário.