Tesis
O papel do marsupial Gracilinanus agilis (Burmeister, 1854) como predador da principal praga da soja no Cerrado brasileiro
Fecha
2019-10-07Registro en:
REIS, Guilherme Gonçalves dos. Influência de pistas olfativas, visuais e da ejeção de ovos na taxa de predação de ninhos. 2019. iii, 45 f., il. Dissertação (Mestrado em Ecologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Reis, Guilherme Gonçalves dos
Institución
Resumen
A criação de pastos e plantações para abastecimento da população mundial tem levado a uma perda significativa da vegetação natural e consequente perda das funções ecossistêmicas. Tendo a produção de soja como principal atividade agrícola no Brasil e sabendo-se que essa é atacada por diversas pragas, soluções sustentáveis que visem controlar as pragas agrícolas são altamente desejáveis, especialmente àquelas que gerem um menor custo aos agricultores. No presente estudo, investiguei a interação entre a principal praga da soja, o percevejo marrom (Euschistus heros), com a comunidade de pequenos mamíferos predadores em florestas nativas do Cerrado, com ênfase na espécie mais abundante dessas áreas, o marsupial Gracilinanus agilis. Eu avaliei a possível dispersão do inseto para áreas naturais próximas a uma plantação de soja e se a distância entre a plantação e essas áreas naturais influencia na intensidade de predação do inseto por G. agilis. Constatei a presença de fragmentos de percevejo marrom nas fezes de três espécies de pequenos mamíferos nativos, dois roedores (Cerradomys scotti e Rhipidomys macrurus) e um marsupial (G. agilis), sendo que E. heros foi bem mais frequente nas fezes desse último. Eu obtive uma alta sobreposição dos valores isotópicos de ẟ15N entre três grupos de percevejos distintos: os obtidos das fezes de G. agilis nas florestas naturais após a colheita da soja, os capturados na plantação de soja e os percevejos criados em laboratório alimentados exclusivamente dessa leguminosa. Esse padrão indica que os percevejos marrons predados por G. agilis dispersaram da soja para áreas naturais. Adicionalmente, o consumo da praga agrícola por G. agilis em florestas nativas foi inversamente relacionado à distância da plantação de soja, mas essa relação foi significativa somente no período de entressafra, quando não há mais soja disponível na área de cultivo. Isso sugere a dispersão dessa praga em busca de abrigo e alimento na ausência do recurso preferido (soja). O potencial de G. agilis na predação de E. heros (101,8 percevejos/noite, avaliado com animais em cativeiro) e o valor potencial que este pode representar em termos de gastos para os agricultores deve ser considerado para ações de manejo. Portanto, a conservação de áreas naturais próximas às plantações representa um aumento da predação da população de E. heros que sobrevive no período de entressafra, acarretando em uma menor utilização potencial de pesticidas e redução da contaminação do solo e dos alimentos.