Tese
Apropriação de conceitos matemáticos na Educação Infantil à luz da Teoria Histórico-Cultural : entre o falar, o viver e o brincar
Fecha
2022-03-18Registro en:
MIRANDA, Maria Auristela Barbosa Alves de. Apropriação de conceitos matemáticos na Educação Infantil à luz da Teoria Histórico-Cultural: entre o falar, o viver e o brincar. 2021. 274 f., il. Tese (Doutorado em Educação) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Miranda, Maria Auristela Barbosa Alves de
Institución
Resumen
Defendemos a tese de que a apropriação de conceitos matemáticos desde as primeiras
experiências na escola das infâncias tem por finalidade a promoção do desenvolvimento das
funções psicológicas culturais, sobretudo do pensamento, e que essa apropriação se faz por
meio das atividades características do período (a brincadeira como principal e outras atividades
lúdicas e artísticas como auxiliares). O objetivo geral desta pesquisa consistiu em analisar o
processo de apropriação de conceitos matemáticos na Educação Infantil à luz da Teoria
Histórico-Cultural, considerando as relações entre o que se fala e o que se vive nos processos
de apresentação e apropriação de conceitos matemáticos na Educação Infantil e seus vínculos
com a brincadeira. Tendo como embasamento teórico a perspectiva Histórico-Cultural,
empregou o método genético-instrumental criado por Vigotski. Utilizou como instrumentos
entrevista e dinâmicas conversacionais com uma professora, e dinâmicas conversacionais com
as crianças, algumas mediadas por literatura infantil e produção de desenho das crianças, e
ainda observação participante. Contou como sujeitos participantes uma professora da rede
pública de ensino do Distrito Federal atuante no Segundo Período da Educação Infantil
(crianças de 5 anos) e dez crianças de sua turma em um Centro de Educação Infantil (CEI).
Como resultados, identificamos que: 1) a professora utiliza como estratégias para apresentar
conceitos matemáticos canções, contação de histórias infantis, atividades com material de
manipulação, desenhos no quadro branco, jogos e registros em tarefas gráficas. Todavia, não
informando que se tratam de conceitos matemáticos, o que gera desconhecimento por parte das
crianças acerca dessa área do conhecimento; 2) as crianças, no seu cotidiano na escola das
infâncias, mostram indícios de que estão se apropriando de conceitos matemáticos durante o
brincar, ao comparar tamanhos, narrar eventos da vida, de filmes ou de livros. Porém, na
maioria das vezes ainda indicam quantidades com os dedos, em vez de verbalmente; quanto às
grandezas e medidas, ou utilizam as mãos e o corpo para indicar ou empregam expressões
como: gigante, bebê (em lugar de grande, maior, pequeno, menor); 3) no que se refere à
coerência da ação pedagógica da professora com relação ao Currículo da Secretaria de Estado
de Educação do Distrito Federal, ela busca organizar sua prática de acordo com os campos de
experiências e a brincadeira (jogo) como eixo integrador da primeira etapa da Educação Básica,
embora brincadeira no sentido geral, não como atividade que guia o desenvolvimento.
Concluímos, portanto, acerca das relações entre o que se fala e o que se vive nos processos de
apresentação e apropriação de conceitos matemáticos na Educação Infantil e seus vínculos com
a brincadeira, que se fala muito a respeito da brincadeira, tanto a professora quanto as crianças,
embora seja vivenciada predominantemente como atividade auxiliar: jogos didáticos,
modelagem com massa e construção com peças de encaixe, e menos como atividade principal:
no faz de conta. Acerca dos conceitos matemáticos, concluímos que se vive muito, inclusive
em momentos de jogos e brincadeira, nas conversas livres com pessoas adultas e entre as
crianças, mas se fala pouco a respeito, tanto que as crianças participantes da pesquisa
informaram não saber o que é matemática e que nunca ouviram falar a respeito.