Tesis
Organização e dinâmica de comunidades aquáticas em riachos no Cerrado
Fecha
2019-02-13Registro en:
LEITE, Gustavo Figueiredo Marques. Organização e dinâmica de comunidades aquáticas em riachos no Cerrado. 2018. [139] f., il. Tese (Doutorado em Ecologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Autor
Leite, Gustavo Figueiredo Marques
Institución
Resumen
Riachos representam a maior parte da extensão linear dos cursos d’água em uma bacia hidrográfica e são caracterizados por elevada heterogeneidade de habitats, sobretudo pela sua intensa relação com o meio terrestre. No bioma Cerrado, os riachos são caracterizados por águas levemente ácidas e pobres em nutrientes, mas apresentam elevada diversidade biológica. Apesar disso, esses ecossistemas estão entre os mais ameaçados do mundo devido sua intensa ocupação e fragmentação. Portanto, avaliar os fatores estruturadores das comunidades nesses ambientes, bem como produzir potenciais ferramentas de avaliação ecológica para o Cerrado tornam-se tarefas fundamentais para sua manutenção. Nesse sentido, o objetivo central do presente estudo foi investigar a relação entre variações ambientais e a organização e dinâmica de comunidades aquáticas em 28 riachos de cabeceira no Cerrado e desenvolver um índice sensível a perturbações na qualidade ambiental em riachos baseado na estrutura trófica das comunidades de macroconsumidores aquáticos. Os riachos estudados apresentaram uma elevada heterogeneidade de habitats e uma complexa estrutura biótica. Fatores ambientais locais foram os principais responsáveis pela estrutura e composição das assembleias de macroinvertebrados bentônicos e sua diversidade apresentou-se diretamente relacionada a heterogeneidade de habitats amostrados. Estes resultados evidenciaram a necessidade de se considerar grandes escalas espaciais para o estabelecimento de políticas públicas ambientais uma vez que as características ambientais em larga escala e o uso da terra resultam em diferenças na diversidade da fauna aquática. Ainda, resultados isotópicos mostraram que maior parte dos organismos nos riachos são sustentados pela energia autóctone, mas que diferenças na estrutura e produtividade dos habitats podem afetar significativamente a dieta das espécies, as quais podem inclusive apresentar plasticidade trófica em função da disponibilidade de recursos. A metodologia isotópica mostrou-se ainda útil como ferramenta de avaliação de impactos ambientais sobre as comunidades aquáticas de riachos. Por fim, foi proposto um Índice Isotópico Multimétrico (ISI) como uma ferramenta para a avaliação de distúrbios antrópicos. Os resultados obtidos a partir do ISI em um estudo ao longo do gradiente de perturbação mostrou que este pode ser uma ferramenta mais sensível em detectar mudanças ambientais que metodologias tradicionais de avaliações de impacto ambiental, podendo ser uma alternativa ou complementar em avaliações da qualidade ecológica dos ecossistemas. Esse estudo apresentou resultados novos para o Cerrado, evidenciando que esse bioma ainda tem recebido pouca atenção. Nesse sentido, esse estudo permitiu o aprofundamento acerca da estrutura e composição biótica dos riachos do Cerrado, das relações entre os diferentes componentes da cadeia trófica, bem como dos potenciais efeitos da perturbação antrópica sobre o funcionamento desse ecossistema.