dc.description.abstract | INTRODUÇÃO: A avaliação perceptivoauditiva da voz é considerada padrão ouro na avaliação
da qualidade da voz, no entanto, é subjetiva e influenciada pelos critérios utilizados, pela
habilidade e experiência do profissional. A análise acústica permite a quantificação e
caracterização de diferentes parâmetros do sinal sonoro vocal de forma não invasiva. O indivíduo
com perda auditiva apresenta desvio da frequência fundamental (F0), mudança nas frequências
dos formantes, variações na intensidade vocal, bem como alteração na ressonância, velocidade
de fala/taxa de elocução e duração dos sons. Nesse contexto, surge a hipótese de que o modelo
de produção da voz de surdos usuários de implantes cocleares apresenta diferenciação no nível
fisiológico. OBJETIVO: explorar as características perceptivoauditivas e acústicas da voz de
surdos usuários de implante coclear. MÉTODO: O trabalho foi desenvolvido em dois
experimentos. Fase 1: Realizada a revisão sistemática seguindo o Checklist of Preferred
Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analysis (PRISMA). A busca foi realizada em
inglês, espanhol e português, em cinco bases de dados: PubMed, SCOPUS, Web of Science,
LILACS e SpeechBITE e, adicionalmente, foi realizada uma busca na literatura cinzenta nas
bases: Google Acadêmico, OpenGrey e ProQuest. Não houve restrição temporal, devido à
característica exploratória da pesquisa inicial. Fase 2: Foi utilizado o banco de vozes de surdos
adultos que compôs o estudo “Desenvolvimento e validação de um protocolo de avaliação
perceptivoauditiva da voz de deficientes auditivos usuários de implante coclear”. As amostras
foram divididas em grupo controle (GC – ouvintes) e grupo experimental (GE – surdos usuários
de implante coclear), pareados em faixa etária e gênero. As amostras de voz coletadas
correspondiam à emissão sustentada da vogal /a/, fala encadeada e conversa espontânea. Para
a análise perceptivoauditiva foi utilizado o Protocolo de Avaliação da Voz do Deficiente Auditivo
e para a análise acústica foi utilizado o software PRAAT. Para a filtragem cepstral, foram
identificadas no mínimo quatro palavras na conversa espontânea com a vogal /a/ nas posições
tônica, pré-tônica e pré-tônica longe, em contexto oral. Esses sons foram agrupados em um script
e realizado um janelamento destes dados a cada 100 Hz e extraído o espectro médio.
RESULTADOS: Fase 1: Foram identificadas 1.052 publicações que atenderam aos critérios de
busca. Após a aplicação do checklist PRISMA, exclusão de duplicatas e leitura do texto completo,
10 publicações foram selecionadas para a análise completa. Embora vários sejam os parâmetros
estudados, há grande variação nos desenhos dos estudos, tamanho das amostras, idade/faixa
etária dos participantes, amostras de voz analisadas e especificações do implante coclear. Fase
2: No gênero masculino a avaliação perceptivoauditiva do GE apresentou escores mais elevados
nos parâmetros tensão, pitch e loudness, na vogal sustentada; ressonâncias excessivamente
faríngea, hipernasal e posterior, tensão e grau geral na fala encadeada e coordenação
pneumofonoarticulatória, ressonâncias excessivamente laríngea, hiponasal, hipernasal e
posterior, tensão, soprosidade, instabilidade e grau geral na conversa espontânea. No gênero
feminino, os maiores escores no GE foram identificados nas ressonâncias excessivamente
laríngea, faríngea, hiponasal, hipernasal e anterior, tensão, instabilidade e grau geral na fala
encadeada; coordenação pneumofonoarticulatória, ressonâncias excessivamente laríngea,
faríngea, hipernasal e posterior; tensão, rugosidade, instabilidade e grau geral na conversa
espontânea. Houve diferença entre o GC e o GE na frequência fundamental (104,1 e 127,0 Hz,
p = 0,035 entre os homens / 184,0 e 213,6 Hz, p = 0,011 entre as mulheres), os demais
parâmetros avaliados (jitter, shimmer, proporção harmônico-ruído, intensidade e formantes – F1,
F2, F3 e F4) não mostraram diferenças entre os GC e GE, independente do gênero. Não foi
observada a presença de antiformantes e/ou aumento das larguras de banda, sugestivos de
nasalidade, na filtragem cepstral. Não foram identificados formantes nasais nas faixas de
frequência esperadas. A ação conjunta dos articuladores favorece a identificação perceptiva de
nasalidade percebida na voz do surdo usuário de implante coclear. CONCLUSÃO: Os dados
normativos disponíveis na literatura sobre a voz de surdos usuários de IC são consistentes
apenas para F0 e é necessária melhor avaliação do nível de evidência dos desenhos dos
estudos, por falta de padronização e metodologia com indicadores de qualidade. Há linearidade
entre os parâmetros da avaliação perceptivoauditiva e da acústica. A produção vocal dos GC e
GE são semelhantes e o GE não apresenta características de aumento da largura de banda
compatíveis com nasalidade. | |
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