Tesis
Tendência das internações por síndrome de Guillain-Barré no Brasil, 2008 a 2017
Fecha
2019-11-08Registro en:
MALTA, Juliane Maria Alves Siqueira. Tendência das internações por síndrome de Guillain-Barré no Brasil, 2008 a 2017. 2019. 76 f., il. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Malta, Juliane Maria Alves Siqueira
Institución
Resumen
Introdução: A síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma polineuropatia periférica, caracterizada pelo início agudo com fraqueza bilateral e simétrica de membros com reflexos tendinosos profundos diminuídos ou ausentes. Geralmente é desencadeada por um processo infeccioso agudo. Após a introdução do vírus Zika e sua rápida propagação, detectou-se um aumento na ocorrência de complicações neurológicas, destacando-se a SGB. Objetivos: Analisar as tendências temporais de hospitalizações por síndrome de Guillain-Barré no Brasil, antes e após a autoctonia de doença aguda pelo vírus Zika no Brasil (2008 a 2017). Métodos: Para atender ao objetivo 1, realizou-se um estudo ecológico, com dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIHSUS) para internação por SGB (2008-2017). Calculou-se a frequência das internações por SGB e coeficiente de incidência por 100 mil habitantes. Construído diagrama de controle segundo modelo de Cullen e para análise da distribuição espacial das taxas de incidência das UFs, foram considerados intervalos de quebras naturais dos dados. Para atender aos objetivos 2 e 3, foi realizado estudo ecológico de séries temporais, utilizando dados do sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIHSUS) para internação por SGB (2008-2017) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação para casos de doença aguda por ZIKV. Os coeficientes de incidência de internações por SGB por 100 mil habitantes foram calculados para o período, em seguida, utilizada a regressão JoinPoint para analisar mudanças nas tendências em cada região, no período antes e após a introdução ZIKV. Realizou-se, ainda, análise de correlação entre os casos de doença aguda pelo ZIKV e internações por SGB. O nível de significância estatística foi fixada em 5% para ambas análises. Resultados: Estudo 1) No período do estudo foram registradas 15.512 internações por SGB. Observou-se de forma geral, uma tendência de aumento de casos a partir do ano de 2015. No período de 2008 a 2014, observou-se uma média de 1.344 internações por ano. Entretanto, no ano de 2016, foram registradas 2.216, representando um incremento de 52%. As internações por SGB estiveram presentes em nível epidêmico na região Nordeste em 2015 e 2016. Situação semelhante foi encontrada nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte. Estudo 2) Do período de 2008 a 2012, 6.504 registros com uma média de 1.300 internações por ano e 2013 a 2017, 9.008 registros com uma média de 1.802 internações por ano. As regiões apresentaram tendências de aumento das internações por SGB em um período semelhante: Norte - fevereiro/2015 e abril/2016 (APC: 8,3%; IC95%: 4,6-12,2), Nordeste - novembro/2015 a março/2016 (APC: 26,0%; IC: -3,8-65,0), Sudeste - outubro/2015 a abril/2016 (APC:12,9%; IC95%: 4,2-22,3), Sul - maio/2015 a abril/2016 (APC: 4,9%; IC95%: 0,8-9,3), Centro-Oeste - outubro/2015 a janeiro/2016 (APC: 32,8%; IC95%: -26,8-140,9). Correlação entre doença aguda por ZIKV e internações por SGB segundo semana epidemiológica, apresentou r de 79% com valor de p <0,0001. Conclusão: O estudo demostrou tendência crescente e variação cíclica das internações por SGB a partir do ano de 2015, cenário epidemiológico nunca observado antes no Brasil. O aglomerado de internações por SGB nos estados da região Nordeste, com deslocamento para outras regiões, coincidiu com a introdução do vírus CHIKV e a propagação do ZIKV. Salienta-se o aumento concomitante de doença aguda por ZIKV e SGB. Recomenda-se que monitoramento de tendências deve ser realizada de forma contínua. As equipes de vigilância devem estar habilitadas para notificação e investigação oportuna. Além disso, as unidades federadas devem estar preparadas para assistência adequada, com disponibilidade de leitos de unidades de terapia intensiva para o manejo dos casos. Por fim, fomentar estudos para conhecer com precisão os processos que determinam a variação temporal dos casos de SGB no Brasil.