Tesis
Geologia, Geoquímica, Sm-Nd e Geocronologia U-Pb e Lu-Hf em zircão do embasamento do oriente boliviano : implicações para a evolução geodinâmica do SW/S do Cráton Amazônico
Fecha
2021-08-17Registro en:
REDES, Letícia Alexandre. Geologia, Geoquímica, Sm-Nd e Geocronologia U-Pb e Lu-Hf em zircão do embasamento do oriente boliviano: implicações para a evolução geodinâmica do SW/S do Cráton Amazônico. 2021. 220 f., il. Tese (Doutorado em Geologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Redes, Letícia Alexandre
Institución
Resumen
Geoquímica e isótopos de Sm-Nd e U-Pb/Hf zircão foram obtidos em granitoides e
gnaisses do embasamento paleoproterozoico do Leste da Bolívia (EBB). Foram estudados os
granitoides Santo Corazón, Correreca e Santa Terezita (Bolívia) e o Gnaisse Santana da região de
Corumbá (Brasil) do Bloco Rio Apa e vários gnaisses do Complexo Chiquitania do vizinho Bloco
Paraguá. O objetivo era melhorar a compreensão da evolução desses terrenos e das relações entre
eles e o Cráton Amazônico. Os dados obtidos durante esta pesquisa foram apresentados na forma
de dois artigos: (1) “U–Pb and Hf isotopes in granitoids from the Eastern Bolivian basement:
Insights into the Paleoproterozoic evolution of the western part of South America”, e (2) “The
polycyclic evolution of the Paraguá Block, Bolivia-SW Brazil: a Sm-Nd and U-Pb/Hf isotope
study of the Paleo- to Mesoprotrozoic Chiquitania Complex”. O primeiro artigo foi publicado em
2020 no Journal of South American Earth Sciences, edição especial dedicada a Márcio Pimentel,
e o segundo foi submetido ao Precambrian Research e encontrasse em processo de avaliação. Os
granitos Santo Corazón, Correreca e Santa Terezita têm um caráter cálcio-alcalino de médio a
alto potássio, são peraluminosos do tipo S. Foram obtidas idades U-Pb de intercepto superior em
zircão de 1874±15 Ma e 1862±7 Ma para o quartzo-monzonito Santo Corazón e granito
Correreca, e de 1849±11 e 1852±6 Ma para o granito Santa Terezita. Os dados geoquímicos e de
isótopos Sm-Nd e U-Pb sugerem que esses granitoides representam o retrabalho durante a tempo
Orosiriano de uma crosta criada entre 2,23 e 1,96 Ga. O retrabalho ocorreu em uma configuração
de arco magmático. Isto é ainda suportado por dados de isótopos Hf para zircão do granito
Correreca. O Gnaisse Santana trata-se de um granada-hornblenda-biotita gnaisse com uma idade
U-Pb de intercepto superior em zircão de 1764±23 Ma, que é interpretada como a idade de
cristalização do protólito ígneo, um quartzo-monzonito ou granodiorito. Os dados petrológicos,
geoquímicos e de isótopos de Nd e U-Pb mostram semelhança entre os granitos do embasamento
oriental da Bolívia (EBB) e o Gnaisse Santana com a Suíte Intrusiva Alumiador e o Gnaisse
Caracol, respectivamente. Isso sugere que este fragmento crustal poderia ter sido uma extensão
em direção ao oeste do Bloco Rio Apa, que hoje se estende por 300 km do sudoeste de Mato
Grosso do Sul e do nordeste do Paraguai ao leste da Bolívia. A presença de crosta continental que
remonta a 1,7-1,8 Ga é inferida a partir de dados de isótopos para os núcleos de zircão do Gnaisse
de Santana e os granitos da Bolívia Oriental. Os protólitos dos gnaisses do Complexo Chiquitania
eram de composição granítica a tonalítica e metaluminosa a peraluminosa. Eles também tinham
caráter cálcio-alcalino e foram relacionados a uma configuração de arco magmático. Com base
nas idades de cristalização U-Pb interpretadas para seus protólitos, os gnaisses estudados foram
divididos em duas unidades: a unidade mais antiga do Complexo Chiquitania, o gnaisse
Miraflores com idades de intercepto superior de 1747±11 Ma, e a unidade mais jovem conformada
pelos gnaisses Rio Fortuna, San Miguel e Rosário com idades de intercepto superior de 1699±9
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Ma, 1681±13 Ma e 1678±21 Ma, respectivamente. Valores negativos de εNd(t) para o gnaisse
Miraflores indicam principalmente crosta retrabalhada, enquanto os gnaisses Rio Fortuna, San
Miguel e Rosário renderam valores positivos de εNd(t) e εHf(t) em zircão, o que indica que os
magmas parentais representavam a mistura entre material derivado do manto e crosta
retrabalhada. As idades modelos Nd e Hf paleoproterozoicas indicam que a crosta mais velha de
2,64-1,97 Ga foi retrabalhada em um arco magmático entre ~ 1,75 e ~ 1,69 Ga. Com base nos
dados de idade U-Pb atualmente disponíveis, o embasamento oriental a Bolívia teve uma evolução
policíclica. Assim, três eventos magmáticos / metamórficos principais foram reconhecidos:
Evento 1 foi relacionado com a colocação de granitos Orosirianos do Bloco Rio Apa em ~ 1,84
Ga; O Evento 2 foi relacionado com o desenvolvimento de arcos magmáticos acrecionários no
Bloco Paraguá entre ca. 1,75 e 1,65 Ga, e o Evento 3 foi relacionado com a Orogenia San Ignacio
em ~ 1,3 Ga. O Evento 2 pode estar relacionado com a construção do Bloco Paraguá em três
ciclos: Ciclo 1 relacionado ao Arco granodiorítico Miraflores em ~ 1,75 Ga, Ciclo 2 relacionado
com os arcos mais juvenis circundantes, o arco tonalítico do Rio Fortuna e o arco monzogranitico
de San Miguel/Rosário de ~ 1,69 Ga, e o Ciclo 3 relacionado com o arco Triunfo/Matão/Turvo e
pelo arco Refúgio, mais juvenil de ~ 1,65 Ga. Neste trabalho, o Bloco Paraguá foi interpretado
como um bloco composto pela acreção sucessiva de arcos, com uma parte central mais antiga
(Arco granodiorítico Miraflores), circundado por arcos magmáticos progressivamente mais
jovens, aqueles representados pelos ciclos 2 e 3. A colisão entre o Bloco Paraguá e o Cráton
Amazônico provavelmente ocorreu a 1,5 Ga; mas esses blocos continentais foram posteriormente
destacados em ~ 1,4 Ga. A colisão final dos blocos Paraguá e Rio Apa com o Cráton Amazônico
ocorreu em ~ 1,3 Ga durante a Orogenia San Ignácio. Esta assembleia permaneceu estável durante
a estruturação do Supercontinente Rodínia.