Tesis
A presença do masoquismo erógeno na histeria
Fecha
2019-03-12Registro en:
SILVA, Maria Fernanda Fernandes da. A presença do masoquismo erógeno na histeria. 2018. 161 f. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Autor
Silva, Maria Fernanda Fernandes da
Institución
Resumen
O objetivo desta tese é estabelecer a presença do masoquismo erógeno na histeria, buscando as bases deste na sexualidade infantil, considerada fundamental para Freud na constituição da histeria. Em O problema econômico do masoquismo, de 1924, Freud considera o masoquismo como componente primário da sexualidade infantil, o que permite articular a teoria da histeria a do masoquismo erógeno, sendo a primeira inicial na reflexão freudiana, e a segunda, tardiamente elaborada. A releitura da histeria pelo masoquismo erógeno tem como principal referência bibliográfica a obra de Freud, mas manteve-se constantemente um diálogo com autores contemporâneos. Os eixos teóricos que sustentaram a tese basearam-se nas reflexões que apontavam uma aproximação entre o masoquismo erógeno, como experiência erótica fundadora do psíquico, bem como sua face mortífera, uma potencialidade que não deixa de ser uma constante ameaça, podendo tornar-se um instrumento privilegiado da própria destrutividade do sujeito. A aproximação teórica do masoquismo com a feminilidade e passividade originárias tornou-se fundamental para discutir a sexualidade primitiva. Diante das condições de sedução originária, conforme autores que pensam as relações primitivas de objeto, a sexualidade invade a criança, que sem condições psíquicas de elaborá-la, é vivida como uma efração da dor, mas que também porta prazer. Na histeria, esse aspecto primário da sexualidade infantil é analisado considerando a transformação dos afetos que culmina no sintoma conversivo. Nesse aspecto, além de um masoquismo guardião da vida, que acolhe a dor, se constitui um masoquismo mortífero, que se encontra na base do processo de constituição da histeria, pois envolve uma tolerância à dor à custa do sintoma conversivo. As atividades autoeróticas apresentam-se fixadas, mais empobrecidas, e o masoquismo erógeno acabaria por compensar a pobreza erótica com uma supervalorização do autoerotismo, servindo mais para fixação da libido do que favorecendo a simbolização. Na formação do sintoma conversivo está presente uma parte irrepresentável e desconhecida, não vinculada aos processos de simbolização e de fantasia, o que caracteriza, na histeria, uma sexualidade primitiva que adere à ordem corporal, sem possibilitar ligações. A presença do masoquismo erógeno na histeria é então pensada como um retorno ao primitivismo da sexualidade que se incrusta no corpo, como um empuxo ao orgânico.