Tesis
Carl Einstein : o historiador da arte e sua mesa de montagem
Fecha
2020-01-16Registro en:
GENTIL, Tiago Guidi. Carl Einstein: o historiador da arte e sua mesa de montagem. 2019. 164 f., il. Dissertação (Mestrado em Arte)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Gentil, Tiago Guidi
Institución
Resumen
Escrito em 1915 por Carl Einstein, Negerplastik poderia ser apresentado, em linhas gerais, como um livro acerca de esculturas e máscaras africanas, vistos à luz das inovações estético-formais mais recentes do contexto europeu. Contudo, o livro ostenta atributos que o singularizam em meio à paisagem da historiografia da arte vigente à época e hoje: primeiro, ele apresenta 119 fotografias de esculturas e máscaras descontextualizadas e sem legenda, mas habilmente dispostas de modo a acentuar comparações formais; e segundo, o livro não descreve nenhuma das imagens exibidas, o que contribui ainda mais para o seu impacto visual. Longe de descartar tais singularidades como caprichos, a presente dissertação tencionou lê-las a partir de uma lógica que lhes seria própria, na medida em que denunciariam uma posição crítica de Einstein face à historiografia da arte. De fato, aos nossos olhos, se em um primeiro momento, Negerplastik é um livro sobre esculturas e máscaras africanas, em um segundo é um livro sobre procedimentos e operações da historiografia da arte, ou mais precisamente, sobre a relação desta com as imagens fotográficas. Pois o que causa espécie e estranhamento no livro de 1915, como proposto por Einstein, é a força crítica das fotografias, que não só abundam, mas erguem-se sem mediações textuais. Munindo-se do método filológico, que lê os aspectos mais dignos de estranhamento como via privilegiada de análise, adentramos o livro justamente por meio da sua característica mais singular, e nesse sentido “estranha”: o emprego de fotografias. No curso da nossa leitura, propomos que as reproduções fotográficas estruturam o livro, mas, também, excedem os seus limites, visto que iluminam a historiografia da arte a partir da sua “mesa de montagem”, ou daquilo que seria seu emprego específico de foto-reproduções. Dos domínios da filosofia da arte até aqueles da antropologia, a nossa hipótese é que Negerplastik oferece uma construção de saber atenta à plástica do pensamento, que toma as modalidades de apresentação do conhecimento como sendo tão determinantes quanto o conteúdo.