Tesis
Efeitos da administração de eritropoietina na infecção murina pelo Trypanosoma cruzi
Fecha
2020-06-25Registro en:
NOBRE, Ana Carolina de Castro. Efeitos da administração de eritropoietina na infecção murina pelo Trypanosoma cruzi. 2019. 108 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Nobre, Ana Carolina de Castro
Institución
Resumen
Introdução: A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, afeta
aproximadamente oito milhões de pessoas em todo o mundo. Cerca de um terço dos
indivíduos com a infecção crônica desenvolve a cardiomiopatia chagásica, manifestação
clínica mais importante da doença, principal responsável pela letalidade. As drogas
tripanocidas, apesar de reduzirem a parasitemia na fase aguda, não possuem eficácia sobre
a fase crônica e na progressão das lesões no coração. A eritropoietina (Epo), glicoproteína
que regula a produção de eritrócitos, possui efeito cardioprotetor reduzindo o processo de
apoptose, inflamação e isquemia do miocárdio. Objetivo: Investigar o possível efeito
cardioprotetor da Epo na infecção murina pelo Trypanosoma cruzi. Métodos: Foram
utilizados 52 camundongos fêmeas C57BL/6 uniformes quanto ao peso e idade. Os animais
foram aleatoriamente divididos em oito subgrupos experimentais separados em dois
grandes grupos: 1. Administração de salina ou Epo na fase aguda da infecção (n=28); 2.
Administração de salina ou Epo na fase crônica da infecção (n=24). Os animais infectados
receberam injeção intraperitoneal (ip) com 105 tripomastigotas da cepa Colombiana de T.
cruzi. Os animais tratados com Epo receberam 2000 U/kg ip em dias alternados durante 30
dias após a infecção, sendo eutanasiados com 180 dias pós-infecção. Foi realizado
hemograma no dia 0 (d0) e no dia 180 (d180). Dosagem sérica de enzimas marcadores de
danos cardíacos foi realizada em d0, d15, d90 e d180. A avaliação do funcionamento
cardíaco foi realizada através de ecocardiograma. Foi utilizada a PCR quantitativa (qPCR)
para determinar a carga parasitária no coração, sangue, baço e intestino grosso. Por fim,
análise histopatológica foi realizada para avaliação de alteração tecidual. Resultados:
Como esperado, o hematócrito foi significativamente maior logo após o tratamento com
Epo, mas este retornou aos valores pré-tratamento em d180. A maioria dos parâmetros
hematológicos estavam dentros dos valores de referência, mesmo com a infecção e/ou
tratamento com Epo. A dosagem de enzimas bioquímicas apresentou grande variabilidade
intra-grupo, não sendo possível traçar a cinética ao curso da infecção. De interesse, a
administração de Epo fez com que os níveis de creatina quinase fração miocárdica (CK-
MB) fossem significativamente menores em comparação aos animais que receberam salina.
A fração de ejeção foi normal em 100% dos animais infectados tratados com Epo na fase
crônica. O mesmo só foi observado no grupo de camundongos não infectados tratados com
Epo na fase aguda. A análise histopatológica cardíaca confirmou os achados da bioquímica
e da ecografia para o grupo de animais infectados e tratados com Epo na fase crônica.
Entretanto, quando os camundongos infectados foram tratados na fase aguda, foi observado
necrose, fibrose e intenso infiltrado inflamatório no coração. A carga parsitária foi maior no
coração entretanto, o número de parasitos tendeu a ser mais elevado nos grupos infectados
tratados com Epo. Conclusão: Alguns dos parâmetros avaliados sugeriram um efeito
cardioprotetor da Epo na doença de Chagas murina. Entretanto, mais estudos são
necessários para comprovar seu real interesse nas infecções pelo T. cruzi.